A
IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA DENTRO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
Natália
Rodrigues da Silva
Pós
Graduação Fisioterapia Pediátrica e Neonatal em UTI
Professor:
Daniel Xavier
Quando
discutimos sobre a Fisioterapia é muito difícil não relacioná-la imediatamente
como instrumento fundamental dentro da inclusão social. Com a globalização e os
avanços tecnológicos da informação é cada vez mais necessário que todos os
profissionais da aérea da saúde estejam atualizados e fundamentados nas
melhores evidências científicas. Cada profissional deve assegurar-se de que sua
prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias
do sistema de saúde, sendo o mesmo capaz de pensar criticamente, de analisar os
problemas da sociedade e de procurar soluções para estes.
Não
devemos esquecer que deve-se existir uma associação entre o conhecimento
científico e os princípios éticos e bioéticos do profissional para a construção
e fortalecimento de uma profissão digna, humanística e apta a oferecer serviços
que possibilitem a promoção da saúde, prevenção de agravos e a reabilitação do
indivíduo, sempre visando uma melhor qualidade de vida e, consequentemente sua
inserção dentro da sociedade.
Ao
fisioterapeuta que se direciona para a assistência em Neonatologia e Pediatria,
deve-se ressaltar que a criança é um ser lúdico. Na medida do possível, é
importante que saibamos envolvê-las em um ambiente que seja favorável ao seu
bem-estar emocional. Isso vale também para aqueles profissionais que trabalham
dentro das Unidades de Terapia Intensiva com crianças de alto risco. Além dos
conhecimentos técnicos relacionados à própria área de atuação, ao
desenvolvimento e crescimento da criança, são recomendados que o fisioterapeuta
tenha outras ferramentas que facilitem sua interação com a criança em cada
faixa etária. Entre elas, podemos citar: a criatividade, a flexibilidade, a
paciência, o carinho, o bom humor, a tranquilidade e a segurança. Acima de tudo,
é preciso gostar da criança para poder trabalhar com ela.
Nos
últimos tempos, a atenção e cuidados relacionados à saúde da criança sofreram
uma evolução bastante significativa tanto no período pré-natal como no
pós-natal. A fisioterapia passou, então, a fazer parte desse contexto atuando
de forma interdisciplinar na equipe da UTI neonatal, tendo como papel principal
identificar fatores de risco que levam aos recém-nascidos prematuros
apresentarem atrasos ou distúrbios no seu desenvolvimento motor, mental,
sensorial e emocional.
Nos
últimos tempos, a ortopedia, traumatologia e neurologia eram as aéreas da
fisioterapia que possuíam maior destaque. Porém, atualmente, têm-se visto a
quebra deste tabu e o profissional de fisioterapia tem conquistado cada vez
mais seu espaço dentre as outras aéreas, como a pneumologia, cardiologia,
reumatologia, gineco-obstetrícia e a pediatria. O trabalho do fisioterapeuta
dentro do campo pediátrico exige um conhecimento que possa lhe permitir atender
a criança desde suas necessidades mais básicas até suas necessidades mais
específicas.
A
fisioterapia é uma modalidade terapêutica relativamente nova dentro das
Unidades de Terapia Intensiva Neonatais e está em plena evolução,
principalmente nos grandes centros de saúde. É importante que se tenha a
presença do fisioterapeuta dentro das UTI’s em tempo integral, por diminuírem
as complicações e também o tempo de internação do paciente, reduzindo, assim,
os custos hospitalares.
É
necessário do fisioterapeuta, além de uma ampla gama de conhecimentos
relacionados ao desenvolvimento e crescimento normal da criança, muita
criatividade, paciência, persistência e, acima de tudo, carinho e amor pelo que
faz. Os principais objetivos do trabalho fisioterapêutico a estes
recém-nascidos são: otimizar sua função respiratória, melhorar as trocas
gasosas, adequar um bom suporte ventilatório, prevenir e tratar complicações
pulmonares, manter a permeabilidade das vias aéreas e favorecer o desmame da
ventilação mecânica e oxigenoterapia.
A
criança neonata apresenta algumas peculiaridades estruturais e funcionais, que
devem ser observadas, pois prejudicam a eliminação de secreção das vias aéreas,
tais como: mecânica respiratória pouco eficiente, vias aéreas mais estreitas e
imaturidade do mecanismo da tosse. Uma gama de fatores pode comprometer a
limpeza das vias aéreas, esgotando a capacidade dos mecanismos de mantê-las
limpas, causando, assim, retenção de secreções. Entre as principais causas para
esse acontecimento, estão aquelas que aumentam e/ou alteram a produção das
características do muco prejudicando o movimento mucociliar.
Os
recém-nascidos podem apresentar-se impassivos ao tratamento fisioterapêutico,
porém é importante lembrar que o contato físico com essas crianças e o
relacionamento com as mesmas deve ser de forma segura e carinhosa.
Uma
das principais funções do fisioterapeuta dentro da Unidade de Terapia Intensiva
com o neonato é, principalmente, remover secreções que impossibilitam seu
funcionamento respiratório. As manobras de higiene brônquica são utilizadas
para tal objetivo, melhorando assim, a função pulmonar da criança. Todavia, em
algumas situações, o fisioterapeuta intensivista pode, inconscientemente, agir
de forma lesiva o RN, pois este, pode não suportar o manuseio devido sua
prematuridade. Algumas destas manobras de higiene brônquica podem causar
efeitos adversos, principalmente a tapotagem, como hipoxemia, fraturas de
costelas e lesões cerebrais. Para a avaliação e tratamento destes neonatos
deve-se ter competências clínicas de nível avançado, onde o profissional possui
como base um programa com terapias de conhecimento e habilidades especializadas
em medicina neonatal. Fisioterapeutas intensivistas pediátricos e neonatais com
um treinamento prévio nesta especialidade, podem expandir esforços neonatais
criando protocolos clínicos para aperfeiçoar o desenvolvimento e interação de
neonatos de alto risco e seus pais.
A
eficácia do tratamento fisioterapêutico em neonatologia é estabelecida na
prevenção de atelectasias pós extubação, no critério da quantidade das
secreções recolhidas ou de uma melhora na oxigenação nas crianças acometidas
pela Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). Além disso, a atuação
do fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal diminui os índices
de morbimortalidade e mortalidade.
As
principais técnicas utilizadas pelo fisioterapeuta intensivista neonatal são as
manobras de higiene brônquica, como já citado. Entre elas, podemos destacar as
mais usadas: tapotagem (ou percussão), vibração/vibrocompressão, bag-squeezing,
aspiração de vias aéreas e endotraqueal, estímulo da tosse e o posicionamento
em posturas de drenagem. Estas manobras são utilizadas com o intuito remover as
secreções das vias aéreas, no sentido de melhorar o trabalho pulmonar. Porém,
alguns autores contra indicam as manobras de higiene brônquica para
recém-nascidos pré-termo de baixo peso nos primeiros três dias de vida, devido
a maior labilidade de ocorrer hemorragias intracranianas. Para estes RN’s o
posicionamento é fundamental na assistência fisioterapêutica durante os
primeiros dias de vida, pois possibilita melhores condições biomecânicas ao
segmento toráco-abdominal e otimiza a função respiratória, sem promover, assim,
danos cerebais.
Entre
as contra-indicações das técnicas usadas pelo fisioterapeuta está a tapotagem.
Nos neonatos, o tórax destes é muito maleável, possui dimensões reduzidas e,
sendo assim, os efeitos mecânicos desta técnica é consideravelmente menor queem
outras faixas etárias. Seria necessário aplicar uma maior energia, do que
aplicada geralmente nos adultos, para que houvesse a remoção das secreções, o
que ofereceria um risco maior de fraturas de costela e dor no recém-nascido.
Vale ressaltar, também, que o fisioterapeuta intensivista neonatal não se
concentra apenas no trabalho de higiene brônquica da criança, mas também na
parte de reexpansão pulmonar e na parte motora, com a finalidade de prevenir
escaras, contraturas e etc.
A
aspiração é uma técnica de remoção de secreções das vias aéreas inferiores, em
especial nos pacientes que possuem tosse pouco eficaz, como os recém nascidos.
Embora seja um procedimento relativamente simples, exige cuidado rigoroso na
sua execução, podendo ocasionar lesões, perfuração brônquica pela sonda de
aspiração, atelectasia além de infecções respiratórias.
A
Terapia Expiratória Manual Passiva (TEMP) consiste em comprimir manualmente o
tórax do bebê durante a fase expiratória e descomprimi-lo ao final desta fase.
O fisioterapeuta coloca suas mãos na parede torácica da criança e acompanha o
movimento respiratório, comprimindo o tórax na expiração. Esta técnica é contra
indicada em casos de fraturas de costelas, pneumotórax, hemorragias, uso de
drenos de tórax e etc.
A
vibrocompressão, técnica mais utilizada pelos fisioterapeutas dentro da UTI,
consiste em movimentos vibratórios manuais realizados durante o período
expiratório. Tem como objetivo deslocar as secreções pulmonares, conduzindo-as
para os brônquios de maior calibre, traquéia, e finalmente, para fora do
sistema respiratório.
Também
é objetivo do fisioterapeuta na UTI neonatal a manutenção e/ou ganho de volumes
pulmonares (reexpansão pulmonar), que inclui uma variedade de técnicas e
recursos para evitar ou tratar os colapsos pulmonares (atelectasias) com
consequente otimização das trocas gasosas e diminuição do trabalho respiratório.
As técnicas de reexpansão pulmonar visam o aumento do volume pulmonar por meio
da elevação do gradiente de pressão.
É
evidente a importância do desenvolvimento de habilidades técnicas necessárias
ao exercício profissional na área da saúde, principalmente de especialidades,
como o fisioterapeuta intensivista neonatal. No entanto, chamamos a atenção
para a importância do preparo do profissional, como ser total, durante o
processo de formação acadêmica, de modo a garantir o seu fortalecimento
emocional, haja vista a constante exposição às situações peculiares dos
hospitais.
Sendo
assim, conclui-se que a Fisioterapia tendo papel essencial dentro da área de
saúde e das equipes interdisciplinares de uma Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal, a cada dia vem ganhando seu espaço, sua ascensão significativa no que
se diz respeito aos cuidados perinatais e pós-natais, objetivando reduzir o
tempo de internação dessas crianças em ambiente hospitalar por meio da
prevenção de complicações respiratórias e no diagnóstico de possíveis problemas
no seu desenvolvimento neuropsicomotor.