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Excelência em ensino e aprimoramento em Saúde

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Fisioterapia oncológica contribui para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida do paciente com câncer

Fisioterapia oncológica contribui para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida do paciente com câncer





A fisioterapia oncológica, também conhecida como oncofuncional, é uma modalidade de tratamento que exige aperfeiçoamento e capacitação, e que resulta no bem-estar e na melhoria da qualidade de vida de pacientes com câncer de qualquer idade. A conclusão é fruto de um trabalho de pós-doutorado, desenvolvido pelo coordenador de Fisioterapia Intensiva da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), Dr. Daniel Xavier. Ele é o primeiro profissional da área a conquistar a titulação em pós-doutorado em fisioterapia oncológica (Post Doc in Physicaltherapy in Oncology) na região Norte, informou o especialista.
O curso, ofertado através de uma parceria entre as universidades Unilogus (Flórida – USA) e FCE (Califórnia), teve cerca de um mês de duração. A pesquisa, por sua vez, foi desenvolvida ao longo de dois anos (2014 / 2015), com avaliações periódicas de resultados. Foram dois estudos, ao todo. O primeiro deles, abordou o atendimento através da fisioterapia em oncologia, voltado à melhoria da qualidade de vida em crianças portadoras de câncer, e teve o suporto da ONG amazonense Gacc (Grupo de Apoio à Criança com Câncer), onde o fisioterapeuta atua como voluntário.

O segundo, atuou no campo da mobilização precoce aplicada ao paciente oncológico em recuperação na Unidade de Tratamento Intensivo da FCecon, unidade de referência em cancerologia na Amazônia Ocidental. Foram 50 pacientes avaliados ao longo do estudo, com a aplicação de diferentes técnicas de manutenção e reabilitação.
A fisioterapia especializada melhora também a funcionalidade, aumentando a taxa de reinserção social. Para tanto, utilizamos ferramentas e aparelhos que auxiliam na mobilidade. A conclusão com esse estudo é que pacientes que passam por esse tipo de terapia, têm uma recuperação mais rápida e, consequentemente, o tempo de internação acaba reduzido”, explicou Xavier.
De acordo com ele, além de tornar os leitos de internação mais rotativos, a recuperação dos pacientes em curto espaço de tempo também promove economia e aumenta a oferta de tratamento especializado.
O especialista ressaltou que as técnicas oriundas da fisioterapia oncológica, dão mais independência ao paciente, que tem a estrutura física fortalecida e ganha mais segurança para realizar as atividades cotidianas. A fisioterapia, embora aplicada a pacientes internados na unidade hospitalar, deve ser utilizada nais mais diversas fases do tratamento, tendo continuidade após o período de alta hospitalar, alertou Xavier.
A terapia pode contribuir, inclusive, para um estilo de vida mais ativo. “Os métodos terapêuticos vêm sendo aplicados em pacientes oncológicos da Fundação Cecon, com efeitos surpreendentes, incluindo pacientes pós-cirúrgicos. A reabilitação associada às técnicas ocorre de forma mais eficaz, pois ajuda a recuperar a integridade funcional”, ressaltou. O projeto que resultou na titulação, teve a participação da Diretoria de Ensino e Pesquisa da FCecon.


Fonte: http://www.fcecon.am.gov.br/fisioterapia-oncologica-contribui-para-o-bem-estar-e-melhoria-da-qualidade-de-vida-do-paciente-com-cancer/

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

FCecon recebe aparelhos de baixo custo para reabilitação de pacientes

FCecon recebe aparelhos de baixo custo para reabilitação de pacientes

A instituição será a primeira do SUS a implantar esse tipo de programa no Norte do País



Em Manaus, um projeto que usa aparelhos funcionais de baixo custo na recuperação de pacientes com câncer tem surpreendido fisioterapeutas pelos resultados positivos. A iniciativa está em andamento há algumas semanas na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon). Os pacientes beneficiados são portadores de câncer em recuperação pós-cirúrgica – na maioria dos casos – internados na unidade hospitalar.

Segundo o diretor-presidente da FCecon, Marco Antônio Ricci, a instituição é a primeira do Sistema Único de Saúde (SUS) a implantar esse tipo de programa na Região Norte do Brasil. O objetivo é reduzir a morbidade e a mortalidade de pacientes que se recuperam de cirurgias oncológicas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os resultados têm surpreendido especialistas da área com mais qualidade de vida no período pós-alta hospitalar dos pacientes.

Ricci explica que a confecção dos utensílios ficou a cargo de um grupo de alunos de pós-graduação em Fisioterapia Intensiva do Instituto de Aprimoramento e Ensino em Saúde (Iapes), sob a orientação do coordenador do Serviço de Fisioterapia da UTI da FCecon e do Iapes-Manaus, Daniel Xavier.
   

Foto: Divulgação
 
De acordo com Xavier, os aparelhos foram doados à unidade hospitalar. A maior parte deles, foi produzida com materiais recicláveis, como PVC e garrafas PET. Através dos aparelhos, os pacientes acamados, que têm a mobilidade reduzida, podem se movimentar com mais facilidade, com o apoio dos fisioterapeutas.

“O método auxilia na recuperação dos pacientes, já que ajuda a preservar e restaurar a integridade, melhora a funcionalidade e previne certos distúrbios e complicações, como as musculares, respiratórias, motoras e circulatórias”, destacou Xavier.

A iniciativa faz parte do projeto EMOBIL (Early Mobilization), sem fins lucrativos. A ideia, de acordo com ele, é que, futuramente, esse tipo de assistência seja estendida para enfermarias, ambulatório e home care (atendimento domiciliar).

Mais sobre o projeto

Os projetos construídos até o presente momento têm acrescentado benefícios diretos aos pacientes, dentre ele estão o ANDA (Aparato Neurodinâmico para Deambulação Assistida), invenção do renomado Fisioterapeuta Dr. Tom Carvalho. O ciclo ergômetro de PVC e o andador de PVC foram projetados pelo Fisioterapeuta e aluno da IAPES Rodrigo Augusto Braga.

Daniel Xavier destaca que as órteses de membros inferiores, feitas com garrafas plásticas e EVA (espuma venílica acetinada) foram idealizadas pela fisioterapeuta e também pós-graduanda da IAPES, Lidiane Rabelo, todos profissionais da cidade de Manaus. O uso da DASBEL (Dispositivo Auxiliar de Sedestação Beira Leito) também está presente nas confecções do EMOBIL, ideia inovadora de um grupo de Fisioterapeutas da cidade de São Paulo.

“A expansão deste conceito torna-se de fundamental importância para o aprimoramento de técnicas e atendimentos, uma vez que o principal favorecido será o paciente. A facilidade na execução destes artefatos, gera verdadeira mobilização entre os profissionais, ampliando a visão de suas terapêuticas e, consequentemente, sua criatividade”, concluiu.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Asma

ASMA

 Resenha: pós graduanda em terapia intensiva Dra Mariana Pará
Coordenador: Daniel Xavier @intensivistaxavier

 
É  uma doença inflamatória crônica caracterizada por hiper-responsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo.

A asma incide em qualquer idade com predomínio na infância e adolescência, no entanto, ela  atinge 6,4 milhões de brasileiros acima de 18 anos, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Ministério da Saúde e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As mulheres são as mais acometidas pela doença: cerca de 3,9 milhões delas afirmaram ter diagnóstico da enfermidade contra 2,4 milhões de homens, ou seja, prevalência de 39% a mais entre o sexo feminino.

A asma a inflamação brônquica, resultante de um amplo e complexo espectro de interações entre células inflamatórias, mediadores externos e células estruturais das vias aéreas. Ela está presente em todos os pacientes asmáticos, inclusive naqueles com asma de início recente, nas formas leves da doença e mesmo entre os assintomáticos.  A mucosa brônquica inflamada torna-se hiper-reativa a diversos estímulos, sejam eles alérgicos ou não.

Antes de falar sobre tratamento, é importante lembrar que a asma é uma doença variável, ela varia de asmático para asmático e varia também ao longo do tempo em um mesmo indivíduo. Por isso, o tratamento da asma deve ser individualizado, isto é, o que serve para um asmático pode não ser o melhor tratamento para outro. Ou um mesmo tratamento pode ter sua dose modificada conforme a necessidade. Por isso, o tratamento deve ser orientado pelo médico.
A maioria dos pacientes com asma é tratada com dois tipos de medicação: (1) medicação chamada controladora ou de manutenção que serve para prevenir o aparecimento dos sintomas e evitar as crises de asma e, (2) medicação de alívio ou de resgate que serve para aliviar os sintomas quando houver piora da asma.

As medicações controladoras reduzem a inflamação dos brônquios. As principais medicações controladoras são os corticoides inalados isolados ou em associação com uma droga broncodilatadora de ação prolongada. As medicações controladoras diminuem o risco de crises de asma e evitam a perda futura da  capacidade respiratória. O uso correto da medicação controladora diminui muito ou até elimina a necessidade da medicação de alívio.

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

A Fisioterapia é um grande aliado no tratamento da asma, auxiliando na redução da intensidade e frequência dos episódios agudos através da busca do reequilíbrio físico e mental contribuindo para a sua recuperação e reabilitação.
A avaliação e o tratamento fisioterapêutico do paciente com asma é baseado na situação clínica do momento. Dentre os principais pontos a serem considerados na avaliação, devem-se determinar o padrão ventilatório e a expansibilidade torácica, investigar a presença ou acúmulo de secreções brônquicas, observar os distúrbios posturais e investigar a qualidade de vida. Com os dados clínicos, pode-se traçar um plano de tratamento adequado para cada paciente.
                                                                         
  Na UTI:
Segundo as DIRETRIZES BRASILEIRAS de VENTILAÇÃO MECÂNICA 2013 sugere que o ventilador mecânico utilize os seguintes parâmetros:
 Modalidade: PCV ou VCV;
  Volume corrente: 6 ml/kg peso predito (inicialmente);
  Pressão inspiratória máxima: < 50cmH2 O;
 Pressão de platô: < 35cmH2 O;
 Auto-PEEP: < 15cmH2 0
 Frequência respiratória: 8-12/min.
 Fluxo: necessário para manter tempo expiratório suficiente para terminar expiração; 60-100L/min (VCV); Livre (PCV)
 FiO2 : Necessário para manter SpO2 >92%; PaO2 >60mmHg
 PEEP: baixa (3-5cmH2 O); em casos selecionados e com monitorização adequada a PEEP pode ser usada em valores superiores pelo efeito mecânico em abrir as pequenas vias aéreas

                   MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE E REDUÇÃO DE HIPERINSUFLAÇÃO

Recomendação: Os pacientes asmáticos em ventilação mecânica devem ser monitorizados periodicamente com o objetivo de identificar hiperinsuflação alveolar (pressão de platô e a PEEP intrínseca) e cálculo da resistência de vias aéreas. A pressão de pico não é uma medida representativa de hiperinsuflação alveolar.
Recomendação: Utilizar VC de 5-6 ml/kg peso predito. Em casos de hiperinsuflação refratárias às medidas convencionais, considerar volumes inferiores a 5ml/Kg e f mais baixas (10-12 rpm) visando evitar hiperinsuflação alveolar. Esta estratégia poderá levar a hipercapnia, que deve ser monitorizada para se manter PaCO2 < 80 mmHg e pH > 7,20. (hipercapnia permissiva)
 Sugestão: Pode-se utilizar PEEP, como estratégia de redução da hiperinsuflação alveolar. Nesse caso, sugere-se ventilar o paciente em PCV com Pressão de Distensão≤ 15 cm H2 O. Ao se aumentar a PEEP, se ocorrer aumento do volume expiratório, isto sugere redução da hiperinsuflação alveolar ou desinsuflação.
 Recomendação: Monitorizar a mecânica ventilatória em caso de instabilidade hemodinâmica  visando identificar se há auto-PEEP, a fim de reajustar parâmetros para melhora da hemodinâmica.
  Recomendação: Solicitar radiografia de tórax em caso de instabilidade hemodinâmica , pelo risco de pneumotórax.
                                                               

 Recomendação: A retirada da ventilação deve ser iniciada tão logo haja controle do broncoespasmo e da hiperinsuflação alveolar.
 Sugestão: O paciente asmático pode ser extubado sob sedação leve.
 Sugestão: Em casos de dificuldade de progredir o desmame ventilatório, avaliar possibilidade de fraqueza da musculatura ventilatória por polineuropatia associada ao uso de corticoide e curare.
                                                                CONDUTAS:       
1. Manobras de Higiene Brônquica:
  -Drenagem Postural;
 -Percussão e Vibração ;

2. Terapia de Expansão Pulmonar:
 - CPAP/ Bilevel
3. Aspiração
                                                                Na Enfermaria:
  - Durante as crises é importante orientar postura adequada, técnica para respiração e, sobretudo tentar amenizar a ansiedade.
 -Durante a crise não se deve tentar modificar o ritmo respiratório ou aplicar técnicas para expectorar, pois existe o perigo de agravar o broncoespasmo.
-Imediatamente após a crise, quando há melhora do broncoespasmo, a tosse começa a ser produtiva. Logo, precisamos insistir no controle da respiração, diminuindo a frequência e prolongando o tempo expiratório. Devemos ainda, facilitar a eliminação de secreções e em alguns casos, massagem de relaxamento (cervical e cintura escapular) pode ajudar.
  - A Fisioterapia ainda poderá contar com recursos terapêuticos tais como, uso de pressão positiva (CPAP e Bilevel; ventilação não invasiva) e fluidificadores. Além disso, o posicionamento no leito, manobras de deslocamento brônquico e desinsuflativas são de vital importância.(Técnica de Expiração Forçada- TEF; flutter; Tosse Dirigida, Espirometria de Incentivo)
                                                                   Ambulatorial:
1.Terapias Posturais
     -Reeducação Postural Global (RPG)
     -Reequilíbrio Tóraco-Abdominal (RTA)
2. Treinamento Muscular Inspiratório (TMI)
Dentre as técnicas existentes, destacam-se a Inspiração com carga alinear pressórica (Inflex®e Pflex®) e a Inspiração com carga linear pressórica (Threshold®).
3. Orientar o paciente quanto a ansiedade.

Fisioterapeuta da Fcecon Dr Daniel Xavier recebe título de pos doutorado de universidades norte americanas

Fisioterapeuta da Fcecon Dr Daniel Xavier recebe título de pos doutorado de universidades norte americanas

Prof.Dr.Daniel Xavier, coordenador do servico de Fisioterapia da Fcecon de Manaus recebe certificação internacional de POS DOUTORADO em fisioterapia e fisioterapia em oncologia

O especialista é o primeiro de Manaus a receber uma certificação internacional de duas universidades norte americanas  a UNilogos University /Flórida-Usa e pela FCE- California University -Usa, pelos trabalhos desenvolvidos nas áreas de fisioterapia intensiva e fisioterapia em oncologia.   

 O fisioterapeuta Daniel Xavier atua, com pacientes oncológicos desde o ano 2O01 e em Manaus, o profissional começou a desenvolver seu trabalho a partir de 2005, quando inaugurou o Centro de Terapia Intensiva (CTI), na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), onde hoje é responsável por coordenar o serviço de fisioterapia daquele setor . Daniel Xavier também é o fisioterapeuta responsável pelo serviço de fisioterapia em oncopediatria do GAAC-Grupo de apoio a criança com câncer do Amazonas, onde após implantar o serviço, atua em caráter voluntário na reabilitação das crianças portadoras de neoplasias.
Além disso o Dr Daniel Xavier foi o incentivador e idealizador do projeto EMOBIL (Early Mobilization), entidade sem fins lucrativos que visa a criação de artefatos funcionais de baixo custo para ambientes hospitalares e para a unidade de tratamento intensivo.

No último sábado (26), Daniel recebeu os títulos de Pós Doctor em Physical Therapy e pos doctor in Oncological PhysicalTherapy das mãos do reitor da Logos University/USA Flórida e diretor da Faculdade da Califórnia (FCE), o professor Dr. Gabriel Lopes.

A banca contou com nomes importantes da terapia intensiva nacional e regional , entre eles o Dr Odir Filho, coordenador da uti da fcecon. Além da presença da D Oriona Oshe , diretora do GAMMA Manaus. Com isso a uti da Fcecon além de já ser referencia no Estado , passa a contar com um dos maiores especialistas em fisioterapia em oncologia do Brasil é um dos poucos fisioterapeutas com pós doutorado do Amazonas.


Insta: @intensivistaxavier

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O Triste fim das técnicas e manobras de higiene brônquica

O Triste fim das técnicas e manobras de higiene brônquica

Créditos: BLOG PHYSIO CURSOS SP

Texto desenvolvido por:
Dr. Anderson José

Diretor Presidente da Iapes : @intensivistaxavier
As manobras de higiene brônquica sempre estiveram intimamente ligadas à história da fisioterapia. Um dos primeiros relatos publicados na literatura remete ao ano de 1901, com um trabalho relatando o uso da drenagem postural em pacientes com bronquiectasia, publicado na prestigiada revista The Lancet.(1

Desde então até nossos dias, muitas outras técnicas, manobras e recursos foram desenvolvidos e aplicados na prática clínica com o objetivo de deslocar, mobilizar, fluidificar e/ou eliminar as secreções acumuladas nas vias aéreas de pacientes com doenças respiratórias.

Estas manobras de higiene brônquica (MHB), em alguns casos, divergem completamente entre si, partindo de princípios físicos fundamentalmente diferentes e, outras vezes, são extremamente semelhantes e parecem diferir apenas no nome.

Com o advento da chamada medicina baseada em evidências, que teve como marco a publicação da obra “Effectiveness and Efficiency” de Archie Cochrane em 1972,(2) tanto a drenagem postural, quanto outras desenvolvidas até então, precisaram passar pelo escrutínio do método cíentífico. A simples observação empírica já não sustentava mais a utilização clínica de qualquer conduta terapêutica. Infelizmente, a fisioterapia não acompanhou a escalada científica que a medicina adotou passou a adotar a partir de então.

Os primeiros passos a caminho do reconhecimento científico começaram a ser dados há pouco tempo. Dispomos atualmente somente de alguns ensaios clínicos randomizados e de boa qualidade metodológica sobre as MHB, que geraram revisões sistemáticas e guidelines.

Resumidamente, o Guideline  da American Association of Respiratory Care (3) informa que “As MHB não são recomendadas para tratamento de pneumonias, pacientes com DPOC, pós operatórios e qualquer paciente capaz de mobilizar secreção por meio da tosse.”

Uma revisão sistemática, publicada na importante revista “Respiratory Care” conclui que “há uma limitada evidência da efetividade das técnicas de higiene brônquica e que estas conferem de zero a pequenos benefícios em somente alguns desfechos clínicos.” (4)

O Guideline do American College of Chest Physicians afirma que “os estudos disponíveis apresentam graves limitações metodológicas, os efeitos a longo prazo não são avaliados, a comparação entre as técnicas com a tosse isoladamente não é conhecida e que quando equipamentos são utilizados, eles apresentam o mesmo efeito que uma manobra.” (5)

Dean Hess, reconhecido pesquisador, nos apresenta uma frase bastante contundente sobre as MHB: “Há uma carência de evidências de alto nível para apoiar qualquer técnica de depuração de secreção.”(6)

Em síntese, é necessário coragem para quebrarmos velhos paradigmas e guiarmos nossa assistência clínica baseada nas evidências. É preciso desapego à condutas baseadas em crenças pessoais e observações clínicas sem método científico. Somente assim, nossa atuação será realmente eficaz, proporcionando reais benefícios aos pacientes e reconhecimento profissional.

Vale ressaltar que os estudos citados acima são desfechos apresentados para a população adulta, uma vez que a aplicabilidade dessas técnicas para a população pediátrica é bem diferente.

Referências
  1. Cantab MD et al. The Lancet 1901;158:70-72
  2. Cochrane A. http://www.nuffieldtrust.org.uk/sites/files/nuffield/publication/Effectiveness_and_Efficiency.pdf. Visualizado em 23/11/2016.
  3. Strickland et al. Resp Care 2013;58(12):2187-93.
  4. Andrews J et al. Respir Care. 2013;58(12):2160-86.
  5. McCool 2006. Chest;129:250S–259S.
  6. Hess D. Resp Care 2001;46(11):1276-93.

Texto desenvolvido por:
Dr. Anderson José
Fisioterapeuta e Administrador de Empresas, especialista em fisioterapia aplicada à pneumologia, mestre, doutor e pós doutorando em Ciências da Reabilitação.
Docente e supervisor do Curso de Especialização em Fisioterapia Intensiva - Physio Cursos 
Tem experiência na docência, pesquisa e assistência como professor titular da Universidade Nove de Julho e Fisioterapeuta supervisor do curso de especialização em fisioterapia respiratória da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Atua nos seguintes áreas: reabilitação pulmonar, reabilitação domiciliar, fisioterapia respiratória e ventilação mecânica

SUPORTE VENTILATÓRIO NÃO INVASIVO (VNI).

SUPORTE VENTILATÓRIO NÃO INVASIVO (VNI).
Pós graduanda:Luciana Alcântara 
Coordenador da pós graduação Iapes: Daniel Xavier @intensivistaxavier
 

Ventilação Não Invasiva utiliza uma pressão inspiratória para ventilar o paciente através de interface naso-facial  (IPAP e ou PSV) e uma pressão positiva expiratória para manter as vias aéreas e os alvéolos abertos para melhorar a oxigenação (EPAP e ou PEEP). No modo CPAP é administrado ao paciente através da interface naso-facial somente uma pressão expiratória final contínua nas vias aéreas (CPAP) e a ventilação do paciente é feita de forma totalmente espontânea.
Quando Iniciar a VNI
Recomendação: Em não havendo contraindicação (Quadro 1) os pacientes com incapacidade de manter ventilação espontânea (Volume minuto > 4 lpm, PaCO2 < 50 mmHg e pH > 7,25) devem iniciar uso de VNI com dois níveis de pressão, com a pressão inspiratória suficiente para manter um processo de ventilação adequada, visando impedir a progressão para fadiga muscular e/ou parada respiratória.
Quando Descontinuar a VNI
 O uso de VNI deve ser monitorado por profissional da saúde à beira-leito de 30 minutos a 2 horas. Para ser considerado sucesso, deve ser observado diminuição da f, aumento do VC, melhora do nível de consciência, diminuição ou cessação de uso de musculatura acessória, aumento da PaO2 e/ou da SpO2 e diminuição da PaCO2 sem distensão abdominal significativa. Quando não há sucesso, recomenda-se imediata IOT e ventilação invasiva. Espera-se sucesso na população hipercápnica com o uso da VNI em 75% dos casos, e nos hipoxêmicos  em cerca de 50%.
1. VNI na exacerbação da Asma
Sugestão: A VNI pode ser utilizada em conjunto com terapia medicamentosa para melhorar à obstrução ao fluxo aéreo e diminuir esforço respiratório em pacientes em crise asmática moderada e acentuada.
2. VNI na exacerbação aguda do DPOC
Recomendação: Deve-se usar VNI no tratamento da DPOC agudizada para diminuir a necessidade de intubação (risco relativo de 0,41 [IC 95% 0,33-0,53]), diminuição do tempo de internação no hospital e diminuição da mortalidade com um RR de 0,52 (IC de 95% 0,35-0,76).
3. Edema agudo de pulmão cardiogênico
Recomendação: Deve-se usar VNI (BIPAP com EPAP 5-10 e IPAP até 15 cm H2O) e ou CPAP de 5 a 10 cmH20 nos pacientes com Edema Agudo de Pulmão de origem cardiogênica visando diminuir a necessidade de intubação endotraqueal (RR de 0,53 [IC 95% 0,34-0,83]) e redução na mortalidade hospitalar (RR de 0,6 [IC 95% 0,45-0,84]).
4. VNI Na SARA
Sugestão: Pode-se utilizar a VNI na SARA, especialmente nos casos de SARA Leve, com os cuidados de se observar as metas de sucesso de 0,5 a 2 horas. No caso de não sucesso evitar retardar a intubação. Recomendação: Na SARA Grave evitar utilizar VNI, devido à alta taxa de falência respiratória e necessidade de IOT, especialmente em pacientes com PaO2/FIO2 < 140 e SAPS II > 35 .
5. VNI na Pneumonia Adquirida na Comunidade Grave (PAC grave):
Sugestão: Pode-se utilizar a VNI em PAC grave com insuficiência respiratória hipoxêmica, especialmente nos portadores concomitantes de DPOC com os cuidados de se observar as metas de sucesso de 0,5 a 2 horas. No caso de não sucesso evitar retardar a intubação.
6. VNI em Pós-Operatório
Recomendação: A VNI para Tratamento da IRpA no pós-operatório imediato de cirurgia abdominal e torácica eletivas deve ser utilizada estando associado à melhora da troca gasosa, redução de atelectasias e diminuição do trabalho respiratório, além de diminuição da necessidade de IOT e possivelmente da mortalidade. Deve ser utilizada com cautela, respeitando-se as limitações e contra indicações para sua utilização. Sugestão: Em cirurgias esofágicas pode-se usar VNI para se evitar IRpA, mantendo-se pressões inspiratórias mais baixas (EPAP < 8 e IPAP < 15). A mesma sugestão vale para Cirurgia Torácica, Cirurgia Abdominal, Cirurgia Cardíaca, e Cirurgia Bariátrica.
7. Broncoscopia
Sugestão: A VNI pode ser utilizada durante e após a broncoscopia visando diminuir o risco de complicações associadas ao procedimento em pacientes com hipoxemia grave refratária, insuficiência respiratória pós-operatória, ou DPOC grave. Cuidados especiais devem ser utilizados após procedimento de biópsia trasnbrônquica mantendo-se as pressões de vias aéreas abaixo de 20 cmH20 e realizando RX de tórax se descompensação clínica do paciente e após cerca de 6 horas do procedimento para verificação de possível ocorrência de pneumotórax.
8. VNI noTrauma Torácico
A VNI está contraindicada nos pacientes com lesão das vias aéreas superiores, na presença de instabilidade hemodinâmica e no TCE grave. Recomendação: Em pacientes com trauma torácico isolado a aplicação precoce de VNI é capaz de melhorar as trocas gasosas, prevenir a IOT, reduzir o tempo de estadia na UTI e complicações.
9. Pós-extubação
Recomendação: A VNI deve ser utilizada visando encurtar a duração da ventilação invasiva (ação facilitadora da retirada da VNI), reduzir a mortalidade, diminuir as taxas de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), gerando menos dias internação de UTI e hospitalar na população de pacientes DPOC hipercápnicos. Recomendação: Usar VNI imediatamente após a extubação nos pacientes de risco para evitar Insuficiência Respiratória Aguda (IRpA) e reintubação (ação profilática). Recomendação: Evitar o uso da VNI após novo quadro de insuficiência respiratória instalada (ação curativa).




  
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
DIRETRIZES BRASILEIRAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA – 2013. http://itarget.com.br/newclients/sbpt.org.br/2011/downloads/arquivos/Dir_VM_2013/Diretrizes_VM2013_SBPT_AMIB.pdf Acesso em 03 de novembro de 2016 as 23:44.

Fisioterapeuta da Fcecon Dr Daniel Xavier recebe título de pos doutorado de universidades norte americanas

Fisioterapeuta da Fcecon Dr Daniel Xavier recebe título de pos doutorado de universidades norte americanas

Prof.Dr.Daniel Xavier, coordenador do servico de Fisioterapia da Fcecon de Manaus recebe certificação internacional de POS DOUTORADO em fisioterapia e fisioterapia em oncologia

O especialista é o primeiro de Manaus a receber uma certificação internacional de duas universidades norte americanas  a UNilogos University /Flórida-Usa e pela FCE- California University -Usa, pelos trabalhos desenvolvidos nas áreas de fisioterapia intensiva e fisioterapia em oncologia.   

 O fisioterapeuta Daniel Xavier atua, com pacientes oncológicos desde o ano 2O01 e em Manaus, o profissional começou a desenvolver seu trabalho a partir de 2005, quando inaugurou o Centro de Terapia Intensiva (CTI), na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), onde hoje é responsável por coordenar o serviço de fisioterapia daquele setor . Daniel Xavier também é o fisioterapeuta responsável pelo serviço de fisioterapia em oncopediatria do GAAC-Grupo de apoio a criança com câncer do Amazonas, onde após implantar o serviço, atua em caráter voluntário na reabilitação das crianças portadoras de neoplasias.
Além disso o Dr Daniel Xavier foi o incentivador e idealizador do projeto EMOBIL (Early Mobilization), entidade sem fins lucrativos que visa a criação de artefatos funcionais de baixo custo para ambientes hospitalares e para a unidade de tratamento intensivo.

No último sábado (26), Daniel recebeu os títulos de Pós Doctor em Physical Therapy e pos doctor in Oncological PhysicalTherapy das mãos do reitor da Logos University/USA Flórida e diretor da Faculdade da Califórnia (FCE), o professor Dr. Gabriel Lopes.

A banca contou com nomes importantes da terapia intensiva nacional e regional , entre eles o Dr Odir Filho, coordenador da uti da fcecon. Além da presença da D Oriona Oshe , diretora do GAMMA Manaus. Com isso a uti da Fcecon além de já ser referencia no Estado , passa a contar com um dos maiores especialistas em fisioterapia em oncologia do Brasil é um dos poucos fisioterapeutas com pós doutorado do Amazonas.


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sábado, 16 de julho de 2016

A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA DENTRO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL




A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA DENTRO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL

Natália Rodrigues da Silva
Pós Graduação Fisioterapia Pediátrica e Neonatal em UTI
Professor: Daniel Xavier


Quando discutimos sobre a Fisioterapia é muito difícil não relacioná-la imediatamente como instrumento fundamental dentro da inclusão social. Com a globalização e os avanços tecnológicos da informação é cada vez mais necessário que todos os profissionais da aérea da saúde estejam atualizados e fundamentados nas melhores evidências científicas. Cada profissional deve assegurar-se de que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo o mesmo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para estes.
Não devemos esquecer que deve-se existir uma associação entre o conhecimento científico e os princípios éticos e bioéticos do profissional para a construção e fortalecimento de uma profissão digna, humanística e apta a oferecer serviços que possibilitem a promoção da saúde, prevenção de agravos e a reabilitação do indivíduo, sempre visando uma melhor qualidade de vida e, consequentemente sua inserção dentro da sociedade.
Ao fisioterapeuta que se direciona para a assistência em Neonatologia e Pediatria, deve-se ressaltar que a criança é um ser lúdico. Na medida do possível, é importante que saibamos envolvê-las em um ambiente que seja favorável ao seu bem-estar emocional. Isso vale também para aqueles profissionais que trabalham dentro das Unidades de Terapia Intensiva com crianças de alto risco. Além dos conhecimentos técnicos relacionados à própria área de atuação, ao desenvolvimento e crescimento da criança, são recomendados que o fisioterapeuta tenha outras ferramentas que facilitem sua interação com a criança em cada faixa etária. Entre elas, podemos citar: a criatividade, a flexibilidade, a paciência, o carinho, o bom humor, a tranquilidade e a segurança. Acima de tudo, é preciso gostar da criança para poder trabalhar com ela.
Nos últimos tempos, a atenção e cuidados relacionados à saúde da criança sofreram uma evolução bastante significativa tanto no período pré-natal como no pós-natal. A fisioterapia passou, então, a fazer parte desse contexto atuando de forma interdisciplinar na equipe da UTI neonatal, tendo como papel principal identificar fatores de risco que levam aos recém-nascidos prematuros apresentarem atrasos ou distúrbios no seu desenvolvimento motor, mental, sensorial e emocional.
Nos últimos tempos, a ortopedia, traumatologia e neurologia eram as aéreas da fisioterapia que possuíam maior destaque. Porém, atualmente, têm-se visto a quebra deste tabu e o profissional de fisioterapia tem conquistado cada vez mais seu espaço dentre as outras aéreas, como a pneumologia, cardiologia, reumatologia, gineco-obstetrícia e a pediatria. O trabalho do fisioterapeuta dentro do campo pediátrico exige um conhecimento que possa lhe permitir atender a criança desde suas necessidades mais básicas até suas necessidades mais específicas.
A fisioterapia é uma modalidade terapêutica relativamente nova dentro das Unidades de Terapia Intensiva Neonatais e está em plena evolução, principalmente nos grandes centros de saúde. É importante que se tenha a presença do fisioterapeuta dentro das UTI’s em tempo integral, por diminuírem as complicações e também o tempo de internação do paciente, reduzindo, assim, os custos hospitalares.
É necessário do fisioterapeuta, além de uma ampla gama de conhecimentos relacionados ao desenvolvimento e crescimento normal da criança, muita criatividade, paciência, persistência e, acima de tudo, carinho e amor pelo que faz. Os principais objetivos do trabalho fisioterapêutico a estes recém-nascidos são: otimizar sua função respiratória, melhorar as trocas gasosas, adequar um bom suporte ventilatório, prevenir e tratar complicações pulmonares, manter a permeabilidade das vias aéreas e favorecer o desmame da ventilação mecânica e oxigenoterapia.
A criança neonata apresenta algumas peculiaridades estruturais e funcionais, que devem ser observadas, pois prejudicam a eliminação de secreção das vias aéreas, tais como: mecânica respiratória pouco eficiente, vias aéreas mais estreitas e imaturidade do mecanismo da tosse. Uma gama de fatores pode comprometer a limpeza das vias aéreas, esgotando a capacidade dos mecanismos de mantê-las limpas, causando, assim, retenção de secreções. Entre as principais causas para esse acontecimento, estão aquelas que aumentam e/ou alteram a produção das características do muco prejudicando o movimento mucociliar.
Os recém-nascidos podem apresentar-se impassivos ao tratamento fisioterapêutico, porém é importante lembrar que o contato físico com essas crianças e o relacionamento com as mesmas deve ser de forma segura e carinhosa.
Uma das principais funções do fisioterapeuta dentro da Unidade de Terapia Intensiva com o neonato é, principalmente, remover secreções que impossibilitam seu funcionamento respiratório. As manobras de higiene brônquica são utilizadas para tal objetivo, melhorando assim, a função pulmonar da criança. Todavia, em algumas situações, o fisioterapeuta intensivista pode, inconscientemente, agir de forma lesiva o RN, pois este, pode não suportar o manuseio devido sua prematuridade. Algumas destas manobras de higiene brônquica podem causar efeitos adversos, principalmente a tapotagem, como hipoxemia, fraturas de costelas e lesões cerebrais. Para a avaliação e tratamento destes neonatos deve-se ter competências clínicas de nível avançado, onde o profissional possui como base um programa com terapias de conhecimento e habilidades especializadas em medicina neonatal. Fisioterapeutas intensivistas pediátricos e neonatais com um treinamento prévio nesta especialidade, podem expandir esforços neonatais criando protocolos clínicos para aperfeiçoar o desenvolvimento e interação de neonatos de alto risco e seus pais.
A eficácia do tratamento fisioterapêutico em neonatologia é estabelecida na prevenção de atelectasias pós extubação, no critério da quantidade das secreções recolhidas ou de uma melhora na oxigenação nas crianças acometidas pela Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). Além disso, a atuação do fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal diminui os índices de morbimortalidade e mortalidade.
As principais técnicas utilizadas pelo fisioterapeuta intensivista neonatal são as manobras de higiene brônquica, como já citado. Entre elas, podemos destacar as mais usadas: tapotagem (ou percussão), vibração/vibrocompressão, bag-squeezing, aspiração de vias aéreas e endotraqueal, estímulo da tosse e o posicionamento em posturas de drenagem. Estas manobras são utilizadas com o intuito remover as secreções das vias aéreas, no sentido de melhorar o trabalho pulmonar. Porém, alguns autores contra indicam as manobras de higiene brônquica para recém-nascidos pré-termo de baixo peso nos primeiros três dias de vida, devido a maior labilidade de ocorrer hemorragias intracranianas. Para estes RN’s o posicionamento é fundamental na assistência fisioterapêutica durante os primeiros dias de vida, pois possibilita melhores condições biomecânicas ao segmento toráco-abdominal e otimiza a função respiratória, sem promover, assim, danos cerebais.
Entre as contra-indicações das técnicas usadas pelo fisioterapeuta está a tapotagem. Nos neonatos, o tórax destes é muito maleável, possui dimensões reduzidas e, sendo assim, os efeitos mecânicos desta técnica é consideravelmente menor queem outras faixas etárias. Seria necessário aplicar uma maior energia, do que aplicada geralmente nos adultos, para que houvesse a remoção das secreções, o que ofereceria um risco maior de fraturas de costela e dor no recém-nascido. Vale ressaltar, também, que o fisioterapeuta intensivista neonatal não se concentra apenas no trabalho de higiene brônquica da criança, mas também na parte de reexpansão pulmonar e na parte motora, com a finalidade de prevenir escaras, contraturas e etc.
A aspiração é uma técnica de remoção de secreções das vias aéreas inferiores, em especial nos pacientes que possuem tosse pouco eficaz, como os recém nascidos. Embora seja um procedimento relativamente simples, exige cuidado rigoroso na sua execução, podendo ocasionar lesões, perfuração brônquica pela sonda de aspiração, atelectasia além de infecções respiratórias.
A Terapia Expiratória Manual Passiva (TEMP) consiste em comprimir manualmente o tórax do bebê durante a fase expiratória e descomprimi-lo ao final desta fase. O fisioterapeuta coloca suas mãos na parede torácica da criança e acompanha o movimento respiratório, comprimindo o tórax na expiração. Esta técnica é contra indicada em casos de fraturas de costelas, pneumotórax, hemorragias, uso de drenos de tórax e etc.
A vibrocompressão, técnica mais utilizada pelos fisioterapeutas dentro da UTI, consiste em movimentos vibratórios manuais realizados durante o período expiratório. Tem como objetivo deslocar as secreções pulmonares, conduzindo-as para os brônquios de maior calibre, traquéia, e finalmente, para fora do sistema respiratório.
Também é objetivo do fisioterapeuta na UTI neonatal a manutenção e/ou ganho de volumes pulmonares (reexpansão pulmonar), que inclui uma variedade de técnicas e recursos para evitar ou tratar os colapsos pulmonares (atelectasias) com consequente otimização das trocas gasosas e diminuição do trabalho respiratório. As técnicas de reexpansão pulmonar visam o aumento do volume pulmonar por meio da elevação do gradiente de pressão.
É evidente a importância do desenvolvimento de habilidades técnicas necessárias ao exercício profissional na área da saúde, principalmente de especialidades, como o fisioterapeuta intensivista neonatal. No entanto, chamamos a atenção para a importância do preparo do profissional, como ser total, durante o processo de formação acadêmica, de modo a garantir o seu fortalecimento emocional, haja vista a constante exposição às situações peculiares dos hospitais.

Sendo assim, conclui-se que a Fisioterapia tendo papel essencial dentro da área de saúde e das equipes interdisciplinares de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, a cada dia vem ganhando seu espaço, sua ascensão significativa no que se diz respeito aos cuidados perinatais e pós-natais, objetivando reduzir o tempo de internação dessas crianças em ambiente hospitalar por meio da prevenção de complicações respiratórias e no diagnóstico de possíveis problemas no seu desenvolvimento neuropsicomotor.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Síndrome da Veia Cava Superior. (SVCS)

Autor:Thiago Barros de Moraes 
Supervisor: Daniel Xavier

É o conjunto de sinais e sintomas decorrente de uma obstrução na veia cava superior, causando uma estase venosa no segmento braquiocefálico, que podem esta relacionadas  a trombose, compressão extrínseca, invasão direta da veia cava por processos patológicos adjacentes ou a combinação destes fatores. 

Estes sinais e sintomas se agravam conforme o aumento da pressão na veia cava superior e suas tributarias, o vai apresentar uma dispneia progressiva, ortopneia e tosse que se agravam em posição prona, e em pouco tempo, este paciente em pouco tempo, só será capaz de respirar apenas em posição ortostática e ficara impossibilitado de se deitar-se.Ocorre edema progressivo da face, pescoço e membros superiores, nota-se também uma coloração cianótica característica da pele que torna-se bem evidente no decúbito. 

Conforme a pressão venosa intracraniana aumenta, podemos observar o aparecimento de cefaleia, vertigem, confusão mental, estupor e até  a perda da consciência, a menos que um procedimento descompressivo e eficaz seja realizado, são pacientes que sobrevém, ao óbito por anóxia cerebral e/ ou insuficiência respiratória.

A fusão das veias braquicefálicas direita e esquerda, na porção superior do mediastino médio forma a veia cava superior, esta estrutura, portanto recebe a drenagem venosa da cabeça, pescoço, membros superiores e caixa torácica, desemboca no átrio direito e tem 7cm de extensão. A situação anatômica da veia cava superior, associada a baixas pressões dos vasos, a torna facilmente compressível por processos expansivos em estruturas adjacentes.

A obstrução da VCS por compressões extrínseca pode ser por patologias benignas ou malignas, que na maioria dos casos esta relacionada a patologias que envolve mas especificamente o pulmão direito e acometimentos dos gânglios linfáticos ou estruturas mediastinais. Ex. Mediastinite Fibrosante, Colangite Esclerosante, Sarcoidose, Fibrose pós RT, etc. A obstrução Intrínseca tem relação com Infiltrados neoplásicos e tromboses. Ex. Trobose de cateter Venoso Central (CVC), nesses casos, estas complicações são iatrogênicas, que podem ou não esta relacionada a erros médicos.

As complicações malignas tem uma prevalência de 85% dos casos onde temos Neoplasias do Pulmão com 75% -80%, Linfoma com 8% – 10%, Timona, Tumores Mediastinicos e Metástases com 8% - 10% dos casos. Já as complicações benignas possui uma prevalência baixa de 10% - 15% dos casos, as patologias relacionadas a obstrução intrínseca podem ser usadas como exemplo nos casos benignos.

Em relação a VCS, na transição do seu terço médio para caudal recebe a veia Ázigos que vai esta relacionada com a formação da circulação colateral, circulação esta que devido a obstrução do segmento braqicefácilo na VCS, que vai comprometer a drenagem de sangue do segmento cefálico e membros superiores, vai funcionar como uma válvula de escape para tentar dar vazão a este sangue proveniente da cabeça e mmss. A obstrução da veia cava superior leva a alterações importantes nos trajetos normais de drenagem venosa do segmento cefálico e membros superiores.

Quando a obstrução é acima da entrada da veia ázigos, o fluxo oriundo do segmento cefálico e membros superiores drenam através de colaterais para a veia ázigos, alcançando por fim, o átrio direito. Quando a obstrução inclui a veia ázigos, o fluxo dos sistemas cefálico, membros superiores e torácicos drena para a veia cava inferior através de colaterais, especialmente veias torácicas laterais, veias torácicas internas e sistema ázigos. Vale lembrar que o desenvolvimento das vias colaterais é um processo lento e gradual. Quando as colaterais ainda não se formaram, por obstrução aguda, ou não dão vazão ao fluxo sanguíneo, ocorre hipertensão do sistema venoso braquiocefálico. Nesta condição, ocorre edema neste território e o paciente fica sintomático, podendo inclusive evoluir com edema cerebral, provocando sintomas neurológicos, e de pregas vocais, provocando estridor e insuficiência respiratória.

Os Sintomas vão depender do tempo de instalação do quadro e do desenvolvimento da Circulação Colateral, edema facial, pescoço e mmss podem ser observados, assim como a dispneia, ortopneia, ronquidão e tosse (obstrução das vias aéreas), sincope e letargia decorrente de edema cerabral. Sinais clínicos como Pletora facial, taquipneia,distensão venosa no pescoço e tórax também podem ser observadas. A inclinação para frente ou para trás podem agravar os sintomas.

O seu diagnóstico pode ser feito por exames de imagem que vão avaliar a integridade de veias e artérias. Ex. Rx de Tórax, Agio TAC, Ecografia, Venografia e Cintigrafia.

O tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas e principalmente tratar a doença de base. O tratamento pode ser clínico onde será instituído ate que se inicie um tratamento mais definitivo, medidas não especificas como repouso, elevação da cabeça e oxigenioterapia oferecem algum conforto. E dependendo do caso, o tratamento rádio e quimioterápico, tratamento endovascular e cirúrgico podem ser indicados.

Para os casos de patologias benignas o seu prognóstico é favorável com esperança de vida inalterada, já nos casos malignos a SVCS não tratada, o prognóstico é de 30 dias, já na SVCS tratada pode chegar a < 7 meses.

Este trabalho foi apresentado na discussão de casos clínicos da Especialização  em Terapia Intensiva no CECON- AM com Especializandos da IAPES.

        Dr.Thiago Barros de Moraes
Fisioterapeuta Intensivista

domingo, 3 de julho de 2016

Prefácio do livro FISIOTERAPIA EM ONCOLOGIA: O PAPEL DA FISIOTERAPIA NO COMBATE AO CÂNCER

Prefácio


A vida humana é um bem precioso de valor inestimável. A saúde, um meio que permite que esta seja desenvolvida em sua total plenitude. Indissociáveis, juntas carregam uma idéia real de possibilidades e realizações.

O câncer é devastador! Não só para a pessoa objeto como para seus familiares. O sentido de plenitude imediatamente é perdido e os sonhos de realizações abandonados.

O paradigma câncer-morte, ainda incrustado em nossa prática médica atual, aos poucos vem sendo abandonado.

Os avanços técnico-científicos de nossa era, por ora, jogam em nosso favor e garantem ao paciente oncológico uma esperança, mesmo que tênue, da tão almejada cura.

Neste contexto, a fisioterapia oncológica ganha espaço na medida em que garante a qualidade de vida e a dignidade ao portador da enfermidade oncológica.

A labuta por vezes é ingrata, mas os resultados sempre gloriosos. Fazer parte de um corpo de cuidadores que lidam diariamente com os conceitos tão peculiares à condição humana como os conceitos de vida e da morte, da esperança jamais abandonada e da superação constante, moldam nosso caráter e promove o crescimento pessoal e profissional.

À fisioterapia oncológica, cabe essencialmente, a tarefa de prevenir, manter e promover condições previamente perdidas, entretanto, nosso maior mérito consiste em garantir a dignidade do ser humano.

Este livro é dedicado inteiramente a todos àqueles guerreiros que lutam constantemente pela superação e pela vida, onde o embate ultrapassa nossas possibilidades de compreensão.

Aos pacientes oncológicos, meu mais sincero sentido de gratidão e apreço pelos ensinamentos diários e pela oportunidade de acompanhar suas lutas, decepções e histórias.

Autoria: Daniel Xavier


sexta-feira, 27 de maio de 2016

A Unidade de Tratamento Intensiva Oncológica

A Unidade de Tratamento Intensiva Oncológica  

Autor: Daniel Xavier



A Fisioterapia dedicada ao paciente crítico tem seu início no mundo na década de 1950 com a crise da poliomielite. Inicialmente tinha seu enfoque na assistência ventilatória com manuseio dos ventiladores não invasivos chamados de pulmão de aço (Iron Lung). Após este período, vem sido incorporada ao atendimento dos pacientes principalmente no aspecto respiratório, a chamada fisioterapia pneumo-funcional, e a neurológica então neuro-funcional (FERRARI, 2005).

No ano de 2011 através da resolução COFFITO Nº 392, de 04 de outubro de 2011 - (DOU nº. 192, Seção 1, em 05/10/2011, página 160) - Reconhece a Fisioterapia em Terapia Intensiva como especialidade do profissional fisioterapeuta o que estabelece normas e diretrizes que nortearão a formação de profissionais habilitados e capacitados no manejo do paciente criticamente enfermo internado na UTI.

Nos últimos anos, avanços nos cuidados dos pacientes com câncer possibilitaram maior probabilidade de controle ou cura da doença. Entretanto, os usos de tratamentos quimioterápicos e cirúrgicos mais agressivos implicam diretamente na maior utilização de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Também, na última década, estudos têm demonstrado que os avanços recentes nos cuidados intensivos se traduziram na redução da mortalidade de pacientes críticos com câncer, mesmo em populações de maior risco como pacientes com sepse ou submetidos à ventilação mecânica (LARCHE, 2003).

Segundo ALBERGARIA, 2007 uma UTI de hospital oncológico guarda características próprias em relação às UTIs gerais, pois permite admissão de pacientes que não teriam espaço em outras unidades por questões éticas e necessidade constante de rotatividade pela falta de vagas.

Entretanto, ainda que o papel da fisioterapia intensiva atualmente esteja bem estabelecido dentro dos critérios de inclusão e atuação como componente da equipe interdisciplinar, o seu papel em áreas específicas como a prestação de serviços em uma UTI oncológica, carece de respaldo técnico-científico.

As particularidades inerentes a estes clientes como o caráter progressivo de suas disfunções clínicas, a mielossupressão, a maior predisposição às infecções das vias respiratórias, a caquexia, a plaquetopenia, as alterações cinético-funcionais provenientes da intervenção cirúrgica e das técnicas adjuvantes ao controle/combate da neoplasia, parecem em um primeiro momento contraindicar ou no mínimo tornar o processo fisioterapêutico menos atuante (XAVIER, 2010).

A intervenção fisioterapêutica em pacientes oncológicos é relativamente recente, a sua aceitação enquanto medida terapêutica efetiva ainda é controversa, na medida em que a existência do paradigma câncer-morte ainda impera e resiste na mentalidade e no manejo do cliente oncológico (XAVIER, 2010).

Em todos estes pacientes, o câncer e sua intervenção terapêutica necessária muitas vezes produzem significativa perda funcional permanente ou em longo prazo, requerendo reabilitação para retorno do indivíduo à independência funcional e para melhorar a sua qualidade de vida (ALBERGARIA, 2007).


A fisioterapia intensiva em oncologia apresenta um considerável leque de possibilidades terapêuticas para o manejo do paciente grave internado nas UTIs, entretanto, as indicações e contraindicações das manobras usuais, bem como seus objetivos terapêuticos, se mostram insuficientes como norteadores dos procedimentos e das condutas profissionais, principalmente ao estendermos a prestação de serviço ao cliente oncológico (XAVIER, 2010).