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sábado, 16 de julho de 2016

A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA DENTRO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL




A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA DENTRO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL

Natália Rodrigues da Silva
Pós Graduação Fisioterapia Pediátrica e Neonatal em UTI
Professor: Daniel Xavier


Quando discutimos sobre a Fisioterapia é muito difícil não relacioná-la imediatamente como instrumento fundamental dentro da inclusão social. Com a globalização e os avanços tecnológicos da informação é cada vez mais necessário que todos os profissionais da aérea da saúde estejam atualizados e fundamentados nas melhores evidências científicas. Cada profissional deve assegurar-se de que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo o mesmo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para estes.
Não devemos esquecer que deve-se existir uma associação entre o conhecimento científico e os princípios éticos e bioéticos do profissional para a construção e fortalecimento de uma profissão digna, humanística e apta a oferecer serviços que possibilitem a promoção da saúde, prevenção de agravos e a reabilitação do indivíduo, sempre visando uma melhor qualidade de vida e, consequentemente sua inserção dentro da sociedade.
Ao fisioterapeuta que se direciona para a assistência em Neonatologia e Pediatria, deve-se ressaltar que a criança é um ser lúdico. Na medida do possível, é importante que saibamos envolvê-las em um ambiente que seja favorável ao seu bem-estar emocional. Isso vale também para aqueles profissionais que trabalham dentro das Unidades de Terapia Intensiva com crianças de alto risco. Além dos conhecimentos técnicos relacionados à própria área de atuação, ao desenvolvimento e crescimento da criança, são recomendados que o fisioterapeuta tenha outras ferramentas que facilitem sua interação com a criança em cada faixa etária. Entre elas, podemos citar: a criatividade, a flexibilidade, a paciência, o carinho, o bom humor, a tranquilidade e a segurança. Acima de tudo, é preciso gostar da criança para poder trabalhar com ela.
Nos últimos tempos, a atenção e cuidados relacionados à saúde da criança sofreram uma evolução bastante significativa tanto no período pré-natal como no pós-natal. A fisioterapia passou, então, a fazer parte desse contexto atuando de forma interdisciplinar na equipe da UTI neonatal, tendo como papel principal identificar fatores de risco que levam aos recém-nascidos prematuros apresentarem atrasos ou distúrbios no seu desenvolvimento motor, mental, sensorial e emocional.
Nos últimos tempos, a ortopedia, traumatologia e neurologia eram as aéreas da fisioterapia que possuíam maior destaque. Porém, atualmente, têm-se visto a quebra deste tabu e o profissional de fisioterapia tem conquistado cada vez mais seu espaço dentre as outras aéreas, como a pneumologia, cardiologia, reumatologia, gineco-obstetrícia e a pediatria. O trabalho do fisioterapeuta dentro do campo pediátrico exige um conhecimento que possa lhe permitir atender a criança desde suas necessidades mais básicas até suas necessidades mais específicas.
A fisioterapia é uma modalidade terapêutica relativamente nova dentro das Unidades de Terapia Intensiva Neonatais e está em plena evolução, principalmente nos grandes centros de saúde. É importante que se tenha a presença do fisioterapeuta dentro das UTI’s em tempo integral, por diminuírem as complicações e também o tempo de internação do paciente, reduzindo, assim, os custos hospitalares.
É necessário do fisioterapeuta, além de uma ampla gama de conhecimentos relacionados ao desenvolvimento e crescimento normal da criança, muita criatividade, paciência, persistência e, acima de tudo, carinho e amor pelo que faz. Os principais objetivos do trabalho fisioterapêutico a estes recém-nascidos são: otimizar sua função respiratória, melhorar as trocas gasosas, adequar um bom suporte ventilatório, prevenir e tratar complicações pulmonares, manter a permeabilidade das vias aéreas e favorecer o desmame da ventilação mecânica e oxigenoterapia.
A criança neonata apresenta algumas peculiaridades estruturais e funcionais, que devem ser observadas, pois prejudicam a eliminação de secreção das vias aéreas, tais como: mecânica respiratória pouco eficiente, vias aéreas mais estreitas e imaturidade do mecanismo da tosse. Uma gama de fatores pode comprometer a limpeza das vias aéreas, esgotando a capacidade dos mecanismos de mantê-las limpas, causando, assim, retenção de secreções. Entre as principais causas para esse acontecimento, estão aquelas que aumentam e/ou alteram a produção das características do muco prejudicando o movimento mucociliar.
Os recém-nascidos podem apresentar-se impassivos ao tratamento fisioterapêutico, porém é importante lembrar que o contato físico com essas crianças e o relacionamento com as mesmas deve ser de forma segura e carinhosa.
Uma das principais funções do fisioterapeuta dentro da Unidade de Terapia Intensiva com o neonato é, principalmente, remover secreções que impossibilitam seu funcionamento respiratório. As manobras de higiene brônquica são utilizadas para tal objetivo, melhorando assim, a função pulmonar da criança. Todavia, em algumas situações, o fisioterapeuta intensivista pode, inconscientemente, agir de forma lesiva o RN, pois este, pode não suportar o manuseio devido sua prematuridade. Algumas destas manobras de higiene brônquica podem causar efeitos adversos, principalmente a tapotagem, como hipoxemia, fraturas de costelas e lesões cerebrais. Para a avaliação e tratamento destes neonatos deve-se ter competências clínicas de nível avançado, onde o profissional possui como base um programa com terapias de conhecimento e habilidades especializadas em medicina neonatal. Fisioterapeutas intensivistas pediátricos e neonatais com um treinamento prévio nesta especialidade, podem expandir esforços neonatais criando protocolos clínicos para aperfeiçoar o desenvolvimento e interação de neonatos de alto risco e seus pais.
A eficácia do tratamento fisioterapêutico em neonatologia é estabelecida na prevenção de atelectasias pós extubação, no critério da quantidade das secreções recolhidas ou de uma melhora na oxigenação nas crianças acometidas pela Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). Além disso, a atuação do fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal diminui os índices de morbimortalidade e mortalidade.
As principais técnicas utilizadas pelo fisioterapeuta intensivista neonatal são as manobras de higiene brônquica, como já citado. Entre elas, podemos destacar as mais usadas: tapotagem (ou percussão), vibração/vibrocompressão, bag-squeezing, aspiração de vias aéreas e endotraqueal, estímulo da tosse e o posicionamento em posturas de drenagem. Estas manobras são utilizadas com o intuito remover as secreções das vias aéreas, no sentido de melhorar o trabalho pulmonar. Porém, alguns autores contra indicam as manobras de higiene brônquica para recém-nascidos pré-termo de baixo peso nos primeiros três dias de vida, devido a maior labilidade de ocorrer hemorragias intracranianas. Para estes RN’s o posicionamento é fundamental na assistência fisioterapêutica durante os primeiros dias de vida, pois possibilita melhores condições biomecânicas ao segmento toráco-abdominal e otimiza a função respiratória, sem promover, assim, danos cerebais.
Entre as contra-indicações das técnicas usadas pelo fisioterapeuta está a tapotagem. Nos neonatos, o tórax destes é muito maleável, possui dimensões reduzidas e, sendo assim, os efeitos mecânicos desta técnica é consideravelmente menor queem outras faixas etárias. Seria necessário aplicar uma maior energia, do que aplicada geralmente nos adultos, para que houvesse a remoção das secreções, o que ofereceria um risco maior de fraturas de costela e dor no recém-nascido. Vale ressaltar, também, que o fisioterapeuta intensivista neonatal não se concentra apenas no trabalho de higiene brônquica da criança, mas também na parte de reexpansão pulmonar e na parte motora, com a finalidade de prevenir escaras, contraturas e etc.
A aspiração é uma técnica de remoção de secreções das vias aéreas inferiores, em especial nos pacientes que possuem tosse pouco eficaz, como os recém nascidos. Embora seja um procedimento relativamente simples, exige cuidado rigoroso na sua execução, podendo ocasionar lesões, perfuração brônquica pela sonda de aspiração, atelectasia além de infecções respiratórias.
A Terapia Expiratória Manual Passiva (TEMP) consiste em comprimir manualmente o tórax do bebê durante a fase expiratória e descomprimi-lo ao final desta fase. O fisioterapeuta coloca suas mãos na parede torácica da criança e acompanha o movimento respiratório, comprimindo o tórax na expiração. Esta técnica é contra indicada em casos de fraturas de costelas, pneumotórax, hemorragias, uso de drenos de tórax e etc.
A vibrocompressão, técnica mais utilizada pelos fisioterapeutas dentro da UTI, consiste em movimentos vibratórios manuais realizados durante o período expiratório. Tem como objetivo deslocar as secreções pulmonares, conduzindo-as para os brônquios de maior calibre, traquéia, e finalmente, para fora do sistema respiratório.
Também é objetivo do fisioterapeuta na UTI neonatal a manutenção e/ou ganho de volumes pulmonares (reexpansão pulmonar), que inclui uma variedade de técnicas e recursos para evitar ou tratar os colapsos pulmonares (atelectasias) com consequente otimização das trocas gasosas e diminuição do trabalho respiratório. As técnicas de reexpansão pulmonar visam o aumento do volume pulmonar por meio da elevação do gradiente de pressão.
É evidente a importância do desenvolvimento de habilidades técnicas necessárias ao exercício profissional na área da saúde, principalmente de especialidades, como o fisioterapeuta intensivista neonatal. No entanto, chamamos a atenção para a importância do preparo do profissional, como ser total, durante o processo de formação acadêmica, de modo a garantir o seu fortalecimento emocional, haja vista a constante exposição às situações peculiares dos hospitais.

Sendo assim, conclui-se que a Fisioterapia tendo papel essencial dentro da área de saúde e das equipes interdisciplinares de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, a cada dia vem ganhando seu espaço, sua ascensão significativa no que se diz respeito aos cuidados perinatais e pós-natais, objetivando reduzir o tempo de internação dessas crianças em ambiente hospitalar por meio da prevenção de complicações respiratórias e no diagnóstico de possíveis problemas no seu desenvolvimento neuropsicomotor.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Síndrome da Veia Cava Superior. (SVCS)

Autor:Thiago Barros de Moraes 
Supervisor: Daniel Xavier

É o conjunto de sinais e sintomas decorrente de uma obstrução na veia cava superior, causando uma estase venosa no segmento braquiocefálico, que podem esta relacionadas  a trombose, compressão extrínseca, invasão direta da veia cava por processos patológicos adjacentes ou a combinação destes fatores. 

Estes sinais e sintomas se agravam conforme o aumento da pressão na veia cava superior e suas tributarias, o vai apresentar uma dispneia progressiva, ortopneia e tosse que se agravam em posição prona, e em pouco tempo, este paciente em pouco tempo, só será capaz de respirar apenas em posição ortostática e ficara impossibilitado de se deitar-se.Ocorre edema progressivo da face, pescoço e membros superiores, nota-se também uma coloração cianótica característica da pele que torna-se bem evidente no decúbito. 

Conforme a pressão venosa intracraniana aumenta, podemos observar o aparecimento de cefaleia, vertigem, confusão mental, estupor e até  a perda da consciência, a menos que um procedimento descompressivo e eficaz seja realizado, são pacientes que sobrevém, ao óbito por anóxia cerebral e/ ou insuficiência respiratória.

A fusão das veias braquicefálicas direita e esquerda, na porção superior do mediastino médio forma a veia cava superior, esta estrutura, portanto recebe a drenagem venosa da cabeça, pescoço, membros superiores e caixa torácica, desemboca no átrio direito e tem 7cm de extensão. A situação anatômica da veia cava superior, associada a baixas pressões dos vasos, a torna facilmente compressível por processos expansivos em estruturas adjacentes.

A obstrução da VCS por compressões extrínseca pode ser por patologias benignas ou malignas, que na maioria dos casos esta relacionada a patologias que envolve mas especificamente o pulmão direito e acometimentos dos gânglios linfáticos ou estruturas mediastinais. Ex. Mediastinite Fibrosante, Colangite Esclerosante, Sarcoidose, Fibrose pós RT, etc. A obstrução Intrínseca tem relação com Infiltrados neoplásicos e tromboses. Ex. Trobose de cateter Venoso Central (CVC), nesses casos, estas complicações são iatrogênicas, que podem ou não esta relacionada a erros médicos.

As complicações malignas tem uma prevalência de 85% dos casos onde temos Neoplasias do Pulmão com 75% -80%, Linfoma com 8% – 10%, Timona, Tumores Mediastinicos e Metástases com 8% - 10% dos casos. Já as complicações benignas possui uma prevalência baixa de 10% - 15% dos casos, as patologias relacionadas a obstrução intrínseca podem ser usadas como exemplo nos casos benignos.

Em relação a VCS, na transição do seu terço médio para caudal recebe a veia Ázigos que vai esta relacionada com a formação da circulação colateral, circulação esta que devido a obstrução do segmento braqicefácilo na VCS, que vai comprometer a drenagem de sangue do segmento cefálico e membros superiores, vai funcionar como uma válvula de escape para tentar dar vazão a este sangue proveniente da cabeça e mmss. A obstrução da veia cava superior leva a alterações importantes nos trajetos normais de drenagem venosa do segmento cefálico e membros superiores.

Quando a obstrução é acima da entrada da veia ázigos, o fluxo oriundo do segmento cefálico e membros superiores drenam através de colaterais para a veia ázigos, alcançando por fim, o átrio direito. Quando a obstrução inclui a veia ázigos, o fluxo dos sistemas cefálico, membros superiores e torácicos drena para a veia cava inferior através de colaterais, especialmente veias torácicas laterais, veias torácicas internas e sistema ázigos. Vale lembrar que o desenvolvimento das vias colaterais é um processo lento e gradual. Quando as colaterais ainda não se formaram, por obstrução aguda, ou não dão vazão ao fluxo sanguíneo, ocorre hipertensão do sistema venoso braquiocefálico. Nesta condição, ocorre edema neste território e o paciente fica sintomático, podendo inclusive evoluir com edema cerebral, provocando sintomas neurológicos, e de pregas vocais, provocando estridor e insuficiência respiratória.

Os Sintomas vão depender do tempo de instalação do quadro e do desenvolvimento da Circulação Colateral, edema facial, pescoço e mmss podem ser observados, assim como a dispneia, ortopneia, ronquidão e tosse (obstrução das vias aéreas), sincope e letargia decorrente de edema cerabral. Sinais clínicos como Pletora facial, taquipneia,distensão venosa no pescoço e tórax também podem ser observadas. A inclinação para frente ou para trás podem agravar os sintomas.

O seu diagnóstico pode ser feito por exames de imagem que vão avaliar a integridade de veias e artérias. Ex. Rx de Tórax, Agio TAC, Ecografia, Venografia e Cintigrafia.

O tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas e principalmente tratar a doença de base. O tratamento pode ser clínico onde será instituído ate que se inicie um tratamento mais definitivo, medidas não especificas como repouso, elevação da cabeça e oxigenioterapia oferecem algum conforto. E dependendo do caso, o tratamento rádio e quimioterápico, tratamento endovascular e cirúrgico podem ser indicados.

Para os casos de patologias benignas o seu prognóstico é favorável com esperança de vida inalterada, já nos casos malignos a SVCS não tratada, o prognóstico é de 30 dias, já na SVCS tratada pode chegar a < 7 meses.

Este trabalho foi apresentado na discussão de casos clínicos da Especialização  em Terapia Intensiva no CECON- AM com Especializandos da IAPES.

        Dr.Thiago Barros de Moraes
Fisioterapeuta Intensivista

domingo, 3 de julho de 2016

Prefácio do livro FISIOTERAPIA EM ONCOLOGIA: O PAPEL DA FISIOTERAPIA NO COMBATE AO CÂNCER

Prefácio


A vida humana é um bem precioso de valor inestimável. A saúde, um meio que permite que esta seja desenvolvida em sua total plenitude. Indissociáveis, juntas carregam uma idéia real de possibilidades e realizações.

O câncer é devastador! Não só para a pessoa objeto como para seus familiares. O sentido de plenitude imediatamente é perdido e os sonhos de realizações abandonados.

O paradigma câncer-morte, ainda incrustado em nossa prática médica atual, aos poucos vem sendo abandonado.

Os avanços técnico-científicos de nossa era, por ora, jogam em nosso favor e garantem ao paciente oncológico uma esperança, mesmo que tênue, da tão almejada cura.

Neste contexto, a fisioterapia oncológica ganha espaço na medida em que garante a qualidade de vida e a dignidade ao portador da enfermidade oncológica.

A labuta por vezes é ingrata, mas os resultados sempre gloriosos. Fazer parte de um corpo de cuidadores que lidam diariamente com os conceitos tão peculiares à condição humana como os conceitos de vida e da morte, da esperança jamais abandonada e da superação constante, moldam nosso caráter e promove o crescimento pessoal e profissional.

À fisioterapia oncológica, cabe essencialmente, a tarefa de prevenir, manter e promover condições previamente perdidas, entretanto, nosso maior mérito consiste em garantir a dignidade do ser humano.

Este livro é dedicado inteiramente a todos àqueles guerreiros que lutam constantemente pela superação e pela vida, onde o embate ultrapassa nossas possibilidades de compreensão.

Aos pacientes oncológicos, meu mais sincero sentido de gratidão e apreço pelos ensinamentos diários e pela oportunidade de acompanhar suas lutas, decepções e histórias.

Autoria: Daniel Xavier