
Maria Dinorah Henrique dos Santos*
*. Fisioterapeuta; Especialista em Traumato-Ortopedia com ênfase em Terapias Manuais. Pós-graduanda em Terapia Intensiva Adulto, Neonatal e Pediátrica. Instituto Amazonense de Aprimoramento e Ensino em Saúde – IAPES; Manaus-AM; mariadinorahfisio@gmail.com.
A 
sobrevida dos pacientes criticamente enfermos dentro de uma Unidade de 
Tratamento Intensivo (UTI) tem aumentado em consequência da evolução 
tecnológica, nível de evidência cientifica e da interação 
multidisciplinar, embora a imobilidade possa contribuir para o declínio 
funcional, aumento dos custos assistenciais, redução da qualidade de 
vida e sobrevida pós-alta.[1]
O
 profissional de fisioterapia tem condições de atuar de forma 
sistematizada, global e interativa de modo a minimizar ou reverter 
processos decorrentes da maior sobrevida e permanência prolongada no 
leito.[2]
 O estado fisiológico do paciente critico pode flutuar consideravelmente
 ao longo do dia, além disso, administração de sedativos, sessões de 
hemodiálise e avaliações e preparações para desmame da ventilação 
mecânica (VM) podem dificultar a realização dos exercícios 
fisioterapêuticos, o que exige a elaboração de um planejamento 
individualizado e com maior flexibilidade possível, baseando-se no 
estado fisiológico em que o paciente se encontra na hora das 
atividades.1
No
 sistema cardiovascular a restrição prolongada ao leito causa hipotensão
 postural (diminuição da tolerância ao ortostatismo), linfedema de 
membros inferiores, paciente tromboembólicos, diminuição do consumo de 
oxigênio e aumento da frequência cardíaca máxima.[3]
No
 sistema respiratório as complicações são ameaçadoras à vida do paciente
 durante a imobilidade prolongada. Ocorre uma redução do volume 
corrente, do volume minuto, da capacidade pulmonar total, da capacidade 
residual funcional, volume residual e volume expiratório forçado. Todas 
essas funções estariam diminuídas de 25% a 50% no imobilismo.3, [4]
O
 exercício terapêutico e mais uma das ferramentas chaves que um 
fisioterapeuta usa para restaurar e melhorar o bem-estar 
musculoesquelético ou cardiopulmonar dos pacientes.[5]
A
 cinesioterapia em pacientes restritos ao leito de uma unidade de 
terapia intensiva (UTI), por tempo prolongado, tem como objetivo 
minimizar os efeitos negativos do imobilismo, de tempo de internação e 
melhorar a qualidade de vida dos pacientes.3
A
 força tarefa da European Respiratory Society  and European Society of 
Intensive Care Medicine estabeleceu recentemente uma hierarquia de 
atividades de mobilização na UTI, baseada numa sequência de intensidade 
do exercício: como mudança de decúbitos e posicionamento funcional, 
mobilização passiva, exercícios ativo-assistidos e ativos, uso de 
cicloergômetro na cama; sentar na borda da cama para poltrona, 
exercícios na poltrona e caminhada. A forca tarefa recomenda ainda que o
 fisioterapeuta deva ser o profissional responsável pela implantação e 
gerenciamento do plano de mobilização. Essa sequência de atividades 
reflete especificidade para treinamento de futuras tarefas funcionais e 
são demonstradas como seguras e viáveis por alguns estudos e devendo ser
 iniciado o mais precocemente possível.1
Por
 isso, o conhecimento da reserva funcional cardiorrespiratória dos 
pacientes é essencial para potencializar a eficácia dos exercícios 
fisioterapêutico, que não deve ter intensidade nem baixa, nem acima dos 
limiares do paciente, oferecendo segurança ao procedimento.
A
 escala de Borg é uma importante ferramenta para avaliar a intensidade 
dos exercícios e a percepção do esforço durante a mobilização em 
pacientes com boa função cognitiva.1
A
 monitorização durante e após os exercícios é fundamental para avaliar o
 padrão ventilatório do paciente e a sincronia com a ventilação mecânica
 (VM), saturação periférica de oxigênio e frequência respiratória, além 
de observar o nível de consciência e verificar as dosagens de sedativos e
 drogas vasoativas. Paciente com instabilidade hemodinâmica que 
necessitam de altas frações de oxigênio (FIO2) e altos níveis de suporte
 ventilatório não são recomendados para atividades mais intensas.1
Devem
 ser critérios para interrupção dos exercícios fisioterapêuticos os 
pacientes que apresentarem taquicardia ou bradicardia, sinais de 
desconforto respiratório evidenciado pelo uso da musculatura acessórias,
 batimento da asa do nariz e aumento da frequência respiratória (FR) 
acima de 25ipm, alterações da saturação periférica de oxigênio (SPO2) 
menor que 90% e aumento da pressão arterial media (PAM) em 20mmHg.[6]
Alguns
 trabalhos levam em consideração os seguintes critérios: a) Neurológico:
 a resposta do paciente ao estimulo verbal, e, portanto, a atividade não
 seria iniciada em pacientes comatosos, embora alguns autores defendem a
 utilização da mobilização precoce mesmo em situações de coma, através 
da atividade passiva ou eletroestimulação; b) Respiratório: para iniciar
 as atividades FiO2 maior que 0.6 e a pressão expiratória final positiva
 (PEEP) menor que 10cmH2O; Circulatório: para iniciar as atividades, 
ausência de hipotensão ortostática e uso de catecolaminas.6
No
 que se refere especificamente a dimensão cardiovascular, o I Consenso 
Nacional de Reabilitação Cardiovascular, considera que as respostas 
agudas podem ser observadas durante ou imediatamente após os exercícios 
físicos (como no caso dos incrementos de pressão arterial (PA e FC), mas
 também de forma tardia, até 24h após uma sessão de exercícios.[7]
 O aumento da frequência cardíaca (FC) e da pressão arterial (PA) 
durante os exercícios é principalmente mediado pelo sistema nervoso 
simpático, cuja ação sobre a liberação de catecolaminas afeta a 
permeabilidade ao sódio e ao cálcio no músculo cardíaco e na resistência
 periférica vascular estas variáveis permitem o cálculo (FCM - PAS), ex:
 220 - (idade) = X, esse valor você multiplica por 60% ou 80%, logo você
 encontrará o valor predito de margem de segurança para realizar os 
exercícios com o paciente.[8], 9
 Ex :220 – 70 =150
150 x 0.8 = 120
O
 exercício dinâmico prolongado parece ter uma maior influência sobre os 
valores de FC comparativamente aos estáticos ou aos de 
contra-resistência.8 Duplo-produto é considerado o melhor método não 
invasivo para se avaliar o trabalho do miocárdio, durante o repouso ou 
esforço físico continuo de natureza aeróbia, pois apresenta uma forte 
correlação com o consumo de oxigênio pelo miocárdio. Trata-se de uma 
variável estreitamente relacionada com a segurança das atividades, dando
 subsídios adicionais a manipulação de sua intensidade absoluta e 
relativa, (tipo de exercício, intervalo de recuperação, números de 
repetições e séries, cargas mobilizadas e velocidade de execução). Sendo
 fundamental na condução segura das atividades quando se trata de 
trabalhar com pacientes cuja condições clínicas permitem pensar em risco
 cardiovascular aumentado. Onde: FC x PAS.[9]
Referências
[1] Franca
 EET, Ferrari F, Fernandes P, Cavalcanti R, Duarte A, Martinez BP, et 
al. Fisioterapia em pacientes críticos adultos: recomendações do 
Departamento de Fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva 
Brasileira. Rev. bras. ter. intensiva. São Paulo. 2012; Mar; 24(1): 
6-22.
[2]
 França EET, Ferrari FR, Fernandes PV, Cavalcanti R, Duarte A, Aquim EE,
 Damasceno MCP. Força tarefa sobre a fisioterapia em pacientes críticos 
adultos: Diretrizes da Associação Brasileira de Fisioterapia 
Respiratória e Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR) e Associação de Medicina 
Intensiva Brasileira (AMIB). [Internet]. [citado 2016 Abr 22]. 
Disponível em: http://www.amib.org.br/pdf/DEFIT.pdf.
[3] Rivoredo
 MGAC, Mejia, D. A Cinesioterapia Motora como prevenção da Síndrome da 
Imobilidade Prolongada em pacientes internados em Unidade de Terapia 
Intensiva. Pós-Graduação em Terapia Intensiva – Faculdade Ávila. 2012. 
[Internet]. [citado 2016 Abr 20]. Disponível em: 
http://portalbiocursos.com.br/ohs/ data/docs /27/ 
15_-_A_Cinesioterapia_Motora_como_prevenYYo 
_da_SYndrome_da_Imobilidade_Prolongada_em_pacientes_internados_em_UTI.pdf.
[4]
 Fernandes F, Leite J, Nascimento B, Baciuk EP. Atuação Fisioterapêutica
 em Imobilismo no Leito Prolongado. Revista Intellectus. 2013;25: 
161-176. [Internet]. [citado 2016 Abr 20]. Disponível em: 
http://www.revistaintellectus.com.br/DownloadArtigo.ashx?codigo=309.
[5] Kisner C & COLBY LA. Exercícios Terapêuticos – Fundamentos e Técnicas. 4ª ed. São Paulo: Manole,2005.
[6]
 Badaró RR, Sousa Júnior JA. Parâmetros para mobilização precoce do 
paciente crítico. Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva. Tese. 2012.
 [Internet]. [citado 2016 Abr 21]. Disponível em: 
http://www.ibrati.org/sei/docs/tese_559.doc.
[7] Godoy
 M (Org.) I Consenso Nacional de Reabilitação Cardiovascular. Arq Bras 
Cardiol. 1997;69(4). [Internet]. [citado 2016 Abr 22]. Disponível em: 
http://publicacoes.cardiol.br/consenso/ 1997/6904/ 69040010.pdf.
[8]
 Polito MD, Farinatti PTV. Respostas de frequência cardíaca, pressão 
arterial e duplo-produto ao exercício contra-resistência: uma revisão da
 literatura. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2003; 3(1): 
79–91. [Internet]. [citado 2016 Abr 21]. Disponível em: 
http://www.fade.up.pt/rpcd/_arquivo/artigos_soltos/vol.3_nr.1/2.1.revisao.pdf.
[9]
 Farinatti, PTV, Assis BFC. Estudo de frequência cardíaca, pressão 
arterial e duplo-produto em exercícios contra-resistência e aeróbio 
contínuo. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. 2000;5 
(2):5-16. [Internet]. [citado 2016 Abr 21]. Disponível em: 
https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/RBAFS/article/view/994/1146.
 
 
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