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domingo, 3 de junho de 2018

Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA): Conceito, Fisiopatologia e Evolução de suas Definições

Autor: Vitor Lima de Azevedo*
*Bacharel em Fisioterapia pelo Centro Universitário do Norte (UNINORTE.)
*Pós-graduando em Fisioterapia Intensiva pelo Instituto de aprimoramento em Ensino Superior (IAPES).

Coordenador: Daniel Xavier

A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) é um tipo de lesão pulmonar inflamatória difusa, aguda, comum e grave, com graus de intensidade variados, decorrente de insultos pulmonares ou sistêmicos sobre a membrana alvéolo-capilar, resultando em aumento da permeabilidade vascular local com edema intersticial e alveolar rico em proteína, que leva a anormalidades na troca gasosa e na mecânica pulmonar.

Os pulmões são muito sensíveis a processos inflamatórios. Quando ocorre uma agressão, neutrófilos são atraídos e ativados nos pulmões, liberando mediadores inflamatórios distintos, que lesam o epitélio alveolar e o endotélio vascular, propagando o processo inflamatório. Ocorre extravasamento de proteínas do espaço intravascular para o espaço intersticial, com consequente edema intersticial e alveolar. Essas proteínas alteram a integridade do surfactante pulmonar, levando ao colapso alveolar e lesão do tecido pulmonar.

Estima-se que ocorram 79 casos por 100.000 habitantes, sendo sua incidência aumentada em idosos entre 75 e 84 anos. Apresenta mortalidade alta, variando de 34% a 60%. Suas causas podem ser de ação direta, como pneumonia, aspiração de material gástrico, embolia pulmonar e afogamento; e indireta, como sepses, múltiplas transfusões, traumas e queimaduras graves.

Descrita, em 1967, por Ashbaugh e Petty como insuficiência respiratória, decorrente de diferentes doenças de base, com hipoxemia refratária associada à infiltração difusa na radiografia de tórax, e à diminuição da complacência e da capacidade residual funcional e denominada como “Síndrome do desconforto respiratório do tipo adulto”; a SDRA tem passado por várias evoluções de definição nas últimas décadas, todas com o propósito de aperfeiçoar seu diagnóstico, seu prognóstico e definir melhores formas de tratamento.

Em 1994, uma conferência denominada American-European Consensus Conference Comittee (AECC) formalizou uma nova definição de SDRA estabelecendo critérios que classificaram sua gravidade e tentaram aperfeiçoar seu diagnóstico, sendo eles: Hipoxemia grave de início agudo, variação na gravidade da lesão pulmonar, introduzindo o conceito Lesão Pulmonar Aguda (LPA) para pacientes com hipoxemia menos grave sendo termo SDRA referido ao estágio mais grave da lesão pulmonar aguda.  O consenso também conceituou lesão pulmonar aguda como uma síndrome caracterizada por inflamação pulmonar aguda e persistente, com edema pulmonar devido ao aumento da permeabilidade vascular, associada a três componentes: presença de infiltrados bilaterais na radiografia; relação entre a pressão parcial de oxigênio arterial e a fração inspirada de oxigênio (PaO2/ FiO2 ) situada entre 200 e 300 mmHg); ausência de pressão atrial esquerda, se avaliada, a pressão de enchimento capilar pulmonar não deve exceder 18 mmHg.

Embora tenham sido adotadas por diversos pesquisadores e clínicos da área, diversas críticas foram dadas ao Consenso, como o termo “agudo” que não foi bem definido, a variabilidade das avaliações nos critérios radiológicos, e falta de estrutura para estratégia ventilatória de base.

Foi então que, em 2012, com a intenção de atualizar os critérios da SDRA, a European Society of Intensive Care Medicine (ESICM), a Society Critical Care Medicine (SCCM) e a American Thoracic Society (ATS) desenvolveram a Definição de Berlim que passou a se tornar a mais nova referência para a esta síndrome. A nova definição trouxe atualizações relevantes, como início de 7 dias após insulto clínico conhecido e o desenvolvimento da SDRA; opacidades bilaterais consistentes com edema pulmonar em exames de imagem de tórax (radiografia ou tomografia computadorizada) que não são explicadas por atelectasias, derrames ou nódulos; categorização de gravidade da SDRA em leve (PaO2 /FiO2 entre 201 e 300mmHg, moderada (PaO2 /FiO2 entre 101 e 200mmHg) e grave (PaO2 /FiO2 <100mmhg aca="" aguda="" avalia="" card="" classificando-a="" como="" completamente="" conceito="" de="" e="" ecocardiograma="" ex:="" excesso="" excluindo="" explicada="" fal="" havendo="" insufici="" les="" leve="" n="" ncia="" necessidade="" o:p="" o="" objetiva="" ou="" por="" pulmonar="" respirat="" ria="" sdra="" volume="">

Embora a Definição de Berlim tenha presentado atualizações importantes, algumas lacunas ficaram abertas e faltam respostas a várias áreas nas quais ainda falta consenso no manejo dessa síndrome, como estratégia ventilatória adotada e tempo necessário, falta de comprovação quanto acurácia reprodutível no que tange ao diagnóstico e às suas classificações progressivas de gravidade; uso de fatores de risco comuns para SDRA, dentre outros, sendo necessário novos estudos e pesquisas que otimizem as definições de SDRA, conduzindo-a a um conceito mais consistente e completo.

Referências Bibliográficas
 
FORCE, ARDS Definition Task et al. Acute respiratory distress syndrome. Jama, v. 307, n. 23, p. 2526-2533, 2012.
GALHARDO, Fabíola Paula Lovetro; MARTINEZ, José Antônio Baddini. Síndrome do desconforto respiratório agudo. Medicina (Ribeirão Preto. Online), v. 36, n. 2/4, p. 248-256, 2003.
ROTTA, Alexandre Tellechea et al. Progressos e perspectivas na síndrome do desconforto respiratório agudo em pediatria. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 27, n. 3, p. 266-273, 2015.
VIANA, William Nascimento. Síndrome de angústia respiratória aguda após Berlim. Pulmão RJ, v. 24, n. 3, p. 31-35, 2015.

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