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terça-feira, 2 de julho de 2013

Treino da musculatura respiratória



Especializanda Thalita de Alencar

A respiração tem como objetivo o fornecimento de oxigênio aos tecidos, bem como a remoção do dióxido de carbono do organismo. Para desempenhar estas funções, os pulmões são expandidos e contraídos de duas maneiras: pelo movimento do diafragma para baixo e para cima, alongando e encurtando a cavidade torácica e pela elevação e depressão das costelas, aumentando e diminuindo o diâmetro ântero-posterior da cavidade torácica (GUYTON & HALL, 2002).
Parte desse processo da mecânica ventilatória é produzida graças aos músculos respiratórios, que uma vez enfraquecidos, podem levar à um quadro de insuficiência respiratória ou incapacidade de uma dinâmica respiratória espontânea efetiva. São conhecidos como músculos respiratórios principais e acessórios: músculos abdominais, intercostais internos, esternocleidomastóideo, diafragma, intercostais externos, serrátil anterior e escaleno.
A estrutura muscular do parênquima pulmonar caracteriza-se pela presença de fibras musculares esqueléticas do tipo I e do tipo II, de forma que as do tipo I suportam atividades de baixa intensidade e de longa duração e as do tipo II suportam altas cargas de trabalho, porém de curta duração. Fatores como o aumento crônico do trabalho ventilatório, idade, entre outros; podem modificar a resposta deste trabalho ventilatório, levando à fadiga, à falência ou fraqueza muscular pela incapacidade de o paciente contrair efetivamente e espontaneamente esta musculatura, acarretando em um quadro grave de insuficiência respiratória, havendo assim a necessidade da utilização de recursos ventilatórios que venham a suprir esta deficiência; tais como a ventilação mecânica invasiva. No caso das Unidades de Tratamento Intensivo, a fraqueza muscular periférica e principalmente respiratória, se dá devido aos longos períodos de internação, tornando-se um fator adicional na intolerância aos esforços, dispneia e qualidade de vida (SARMIENTO et al., 2002).
Para o direcionamento do treinamento do paciente é necessária uma avaliação prévia das condições reais da musculatura respiratória do mesmo, através da manovacuometria, determinando qual o tipo de comprometimento esta musculatura está sofrendo: fadiga, fraqueza ou falência.
A força muscular respiratória é definida através da Pressão Máxima mensurada ao nível da boca, atribuída à um esforço muscular necessário para produzir mudança de pressão (LEITH; BRADLEY, 1976; SHAFFER; WOLFSON e BHUTANI, 1981). A avaliação dos valores das pressões inspiratória e expiratória máximas (PImáx e PEmáx) tem como função o diagnóstico e prognóstico de desordens neuromusculares e pulmonares (NEDER ett al., 1999), auxiliando na avaliação da mecânica respiratória e indicação de intubação, desmame do ventilador mecânico ou a extubação do paciente perante à ventilação artificial (LARSON et al., 1999). Caso o resultado evidencie a necessidade de treinos de força para a musculatura respiratória, deve-se utilizar 40% da melhor Pimáx mensurada em 5 séries de 10 repetições (1x/dia) com elevação da carga em 10% a cada 1 semana. Sendo o resultado da avalição uma fadiga, deve-se aplicar 20% da melhor Pimáx por 10 minutos (1x/dia), elevando a carga em 10% por semana; treinando assim, o endurance (resistência à fadiga).
Em algumas patologias, principalmente as neuromusculares, os pacientes muito debilitados, perdem não só a força muscular para a movimentação (atrofia), mas também perdem a força muscular para a respiração. Nestes casos, utilizamos aparelhos para exercícios respiratórios específicos, que oferece uma resistência constante à musculatura respiratória, proporcionando aumento da força muscular e da resistência para este grupo de músculos específicos, responsáveis pela respiração. Tendo como objetivo aumentar a força e resistência de um grupo muscular específico, melhorando o condicionamento da musculatura respiratória.
Inicialmente utiliza-se um Manovacuômetro, visando à mensuração da capacidade pulmonar do paciente e qual o tipo de aparelho a ser utilizado e a quantidade de resistência a ser aplicada durante o esforço.
Inspirômetros a volume: Sistema de pistão em que um êmbolo ou disco deve ser elevado até atingir a capacidade inspiratória máxima ou nível predeterminado.
Este tipo é mais fisiológico pois o volume de treinamento é mais constante e gera um fluxo menos turbulento quando comparado com o incentivador a fluxo. Um exemplo de incentivador a volume é o Voldyne (espirobol).
Triflo II: Fluxo turbulento inicial, alteração no trabalho ventilatório, alterando o padrão de ventilação.
Respiron: O fluxo é variável em função do tempo de incentivo. Serve para trabalhar uma respiração sustentada máxima. O paciente deve inspirar de forma que as três bolinhas do aparelho subam aproximadamente 5-10 segundos.
Treshould: (treino de força muscular) incentivador de carga pressórica linear
A duração da inspiração deve ser de 40 a 50% do tempo respiratório total. Tempo de uso 30 minutos diários.



Referências

GUYTON, AC; HALL, JE. Tratado de Fisiologia Médica. 10ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier Ed., 2002.
LARSON, JL; COVEY, MK; BERRY, J et al. Discontinuous Incremental Threshold Loading Test. Measurement os Respiratory Muscle Endurance in Patients with COPD. Chest, v. 115, p. 60-67, 1999.
LEITH, DE; BRADLEY, M. Ventilator muscle Strength and Endurance Training. Journal of Apllied Physiology. V. 41, p. 508-516, 1976.
NEDER, JA; ANDREONI, S; LERARIO, MC; et al. Reference Values for Lung Function Tests. Maximal respiratory Pressures and Voluntary Ventiation. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v. 32(6), p. 719-727, 1999.
SARMIENTO, AR; OROZCO-LEVI, M; GUELL, R; HERNANDEZ, N; MOTA, S; et al. Inspiratory Muscle Training in Patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease: Structural Adaptation and Physiologic Outcomes. Am J. Repir Crit Care, 2002; 106-1491:7.
SHAFER, TH; WOLFSON, MR; BHUTANI, VK. Respiratory Muscle Function Assessment and Training. Physical Therapy. V.61, p. 795-801, 1981.







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