Especializanda Thalita de Alencar
A
respiração tem como objetivo o fornecimento de oxigênio aos tecidos, bem como a
remoção do dióxido de carbono do organismo. Para desempenhar estas funções, os
pulmões são expandidos e contraídos de duas maneiras: pelo movimento do
diafragma para baixo e para cima, alongando e encurtando a cavidade torácica e pela
elevação e depressão das costelas, aumentando e diminuindo o diâmetro
ântero-posterior da cavidade torácica (GUYTON & HALL, 2002).
Parte
desse processo da mecânica ventilatória é produzida graças aos músculos
respiratórios, que uma vez enfraquecidos, podem levar à um quadro de
insuficiência respiratória ou incapacidade de uma dinâmica respiratória
espontânea efetiva. São conhecidos como músculos respiratórios principais e
acessórios: músculos abdominais, intercostais internos, esternocleidomastóideo,
diafragma, intercostais externos, serrátil anterior e escaleno.
A
estrutura muscular do parênquima pulmonar caracteriza-se pela presença de
fibras musculares esqueléticas do tipo I e do tipo II, de forma que as do tipo
I suportam atividades de baixa intensidade e de longa duração e as do tipo II
suportam altas cargas de trabalho, porém de curta duração. Fatores como o
aumento crônico do trabalho ventilatório, idade, entre outros; podem modificar
a resposta deste trabalho ventilatório, levando à fadiga, à falência ou
fraqueza muscular pela incapacidade de o paciente contrair efetivamente e
espontaneamente esta musculatura, acarretando em um quadro grave de insuficiência
respiratória, havendo assim a necessidade da utilização de recursos
ventilatórios que venham a suprir esta deficiência; tais como a ventilação
mecânica invasiva. No caso das Unidades de Tratamento Intensivo, a fraqueza
muscular periférica e principalmente respiratória, se dá devido aos longos
períodos de internação, tornando-se um fator adicional na intolerância aos
esforços, dispneia e qualidade de vida (SARMIENTO et al., 2002).
Para
o direcionamento do treinamento do paciente é necessária uma avaliação prévia
das condições reais da musculatura respiratória do mesmo, através da
manovacuometria, determinando qual o tipo de comprometimento esta musculatura
está sofrendo: fadiga, fraqueza ou falência.
A
força muscular respiratória é definida através da Pressão Máxima mensurada ao
nível da boca, atribuída à um esforço muscular necessário para produzir mudança
de pressão (LEITH; BRADLEY, 1976; SHAFFER; WOLFSON e BHUTANI, 1981). A
avaliação dos valores das pressões inspiratória e expiratória máximas (PImáx e
PEmáx) tem como função o diagnóstico e prognóstico de desordens neuromusculares
e pulmonares (NEDER ett al., 1999), auxiliando na avaliação da mecânica
respiratória e indicação de intubação, desmame do ventilador mecânico ou a
extubação do paciente perante à ventilação artificial (LARSON et al., 1999).
Caso o resultado evidencie a necessidade de treinos de força para a musculatura
respiratória, deve-se utilizar 40% da melhor Pimáx mensurada em 5 séries de 10
repetições (1x/dia) com elevação da carga em 10% a cada 1 semana. Sendo o
resultado da avalição uma fadiga, deve-se aplicar 20% da melhor Pimáx por 10
minutos (1x/dia), elevando a carga em 10% por semana; treinando assim, o
endurance (resistência à fadiga).
Em
algumas patologias, principalmente as neuromusculares, os pacientes muito
debilitados, perdem não só a força muscular para a movimentação (atrofia), mas
também perdem a força muscular para a respiração. Nestes casos, utilizamos
aparelhos para exercícios respiratórios específicos, que oferece uma resistência
constante à musculatura respiratória, proporcionando aumento da força muscular
e da resistência para este grupo de músculos específicos, responsáveis pela
respiração. Tendo como objetivo aumentar a força e resistência de um grupo
muscular específico, melhorando o condicionamento da musculatura respiratória.
Inicialmente
utiliza-se um Manovacuômetro, visando à mensuração da capacidade pulmonar do
paciente e qual o tipo de aparelho a ser utilizado e a quantidade de
resistência a ser aplicada durante o esforço.
Inspirômetros a volume: Sistema de pistão em que um
êmbolo ou disco deve ser elevado até atingir a capacidade inspiratória máxima
ou nível predeterminado.
Este tipo
é mais fisiológico pois o volume de treinamento é mais constante e gera um
fluxo menos turbulento quando comparado com o incentivador a fluxo. Um exemplo
de incentivador a volume é o Voldyne (espirobol).
Triflo
II: Fluxo turbulento inicial, alteração no trabalho ventilatório, alterando o
padrão de ventilação.
Respiron:
O fluxo é variável em função do tempo de incentivo. Serve para trabalhar uma
respiração sustentada máxima. O paciente deve inspirar de forma que as três
bolinhas do aparelho subam aproximadamente 5-10 segundos.
Treshould:
(treino de força muscular) incentivador de carga pressórica linear
A duração da inspiração deve ser de 40 a 50% do tempo respiratório total. Tempo de uso 30 minutos diários.
A duração da inspiração deve ser de 40 a 50% do tempo respiratório total. Tempo de uso 30 minutos diários.
Referências
GUYTON,
AC; HALL, JE. Tratado de Fisiologia Médica. 10ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier
Ed., 2002.
LARSON, JL; COVEY, MK;
BERRY, J et al. Discontinuous
Incremental Threshold Loading Test. Measurement os Respiratory Muscle Endurance
in Patients with COPD. Chest, v. 115, p. 60-67, 1999.
LEITH,
DE; BRADLEY, M. Ventilator muscle Strength and Endurance Training. Journal of
Apllied Physiology. V. 41, p. 508-516, 1976.
NEDER,
JA; ANDREONI, S; LERARIO, MC; et al. Reference Values for Lung Function Tests.
Maximal respiratory Pressures and Voluntary Ventiation. Brazilian Journal of
Medical and Biological Research, v. 32(6), p. 719-727, 1999.
SARMIENTO,
AR; OROZCO-LEVI, M; GUELL, R; HERNANDEZ, N; MOTA, S; et al. Inspiratory Muscle
Training in Patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease: Structural
Adaptation and Physiologic Outcomes. Am J. Repir Crit Care, 2002; 106-1491:7.
SHAFER,
TH; WOLFSON, MR; BHUTANI, VK. Respiratory Muscle Function Assessment and
Training. Physical Therapy. V.61, p. 795-801, 1981.
Nenhum comentário:
Postar um comentário