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terça-feira, 17 de abril de 2018

Abordagem Fisioterapêutica em Pacientes Anêmicos: uma Resenha Crítica.

Autor: Vitor Lima de Azevedo*
*Pós-graduando em Fisioterapia Intensiva pelo Instituto de Aprimoramento e Ensino em Saúde (IAPES).

Coordenador: Daniel Xavier
Anemia é definida como processo patológico no qual a concentração de hemoglobina contida nos glóbulos vermelhos encontra-se abaixo dos valores normais. A hemoglobina é uma molécula presente nas hemácias, formada por 4 cadeias polipeptídicas sendo uma alfa e outra beta, e 4 íons de ferro, tendo como função o armazenamento e transporte de oxigênio para os tecidos. O nível de Hemoglobina é um indicador essencial para a avaliação da anemia, embora não identifique ou diferencie sua origem.

Para o diagnóstico de anemia, é necessário recorrer a exames laboratoriais hematológicos (exames de sangue), avaliando a concentração de hemoglobina no sangue e comparando com valores de referência. A OMS estabelece que a variação normal de hemoglobina possui os seguintes valores: 13,0 - 17,0g/dl em homens adultos, 12,0 - 16,0 g/dl em mulheres adultas, 11,0 - 14,0 g/dl em grávidas, 13,5 - 18,5 em nascido a termo e 9,5 a 13,5 g/dl em nascidos com 2 a 6 meses.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), a prevalência de anemia observada entre crianças menores de cinco anos era de 20,9%, sendo de 24,1% em crianças menores de dois anos. Em mulheres em idade fértil a prevalência de anemia observada foi de 29,4%. Em termos globais, a Organização Mundial da Saúde indica que a carência de ferro afetava 1,62 bilhões de pessoas. A anemia é uma complicação frequente também em pacientes oncológicos. Pode ocorrer como um efeito direto do tumor, consequente a produtos do mesmo, ou ao próprio tratamento oncológico.

Podemos observar sinais e sintomas relevantes em pacientes anêmicos, tais como: fadiga, frequência cardíaca e respiratória elevadas, prejuízo no desempenho muscular, sendo que o tempo total de exercício, a carga máxima de trabalho, a taxa cardíaca e os níveis de lactato sérico, após exercício, são todos afetados, acarretando prejuízos no desenvolvimento neurológico, além de distúrbios comportamentais como irritabilidade, pouca atenção, prejuízo na capacidade de manter a temperatura corporal, redução da capacidade de trabalho aeróbico.

Discussões importantes envolvem a atuação fisioterapêutica em pacientes anêmicos, enfatizando o custo-benefício desta intervenção. Nos últimos anos, protocolos de intervenção fisioterapêutica em pacientes com distúrbios hemodinâmicos surgem, baseados em estudos com evidências relevantes, indicando que a fisioterapia proporciona benefícios na condição física, prevenindo ou revertendo perda de massa muscular, melhorando a qualidade de vida do paciente; em caso de distúrbios ventilatórios, a fisioterapia pode melhorar as trocas gasosas, reduzindo os efeitos negativos ocasionados pela redução da concentração da hemoglonina e hematócritos, além de prevenir comorbidades advindas de crises dolorosas.

Courneya et. al (2008) em um estudo prospectivo, randomizado, controlado, em um único centro, em 55 pacientes com anemia leve a moderada e tumores sólidos analisou os efeitos de exercícios aeróbicos somados a administração de darbepoetina alfa na melhora da qualidade de vida, fadiga ,aptidão cardiorrespiratória resposta de Hb e necessidade de uso de drogas. Verificaram-se melhorias favoráveis na capacidade de exercício e uma resposta mais rápida de Hb com menores requisitos de dosagemde darbepoetina alfa, não observando melhorias significativas na qualidade de vida e fadiga.

Em um estudo de revisão, Guedes e Souza (2014) procurou avaliar os benefícios de exercícios aeróbicos, resistidos e combinação de ambos em pacientes com doença renal crônica em hemodiálise, visto que tais pacientes apresentam baixa tolerância ao exercício e descondicionamento físico, relacionados à atrofia muscular, anemia entre outros fatores. Constatou-se benefícios significativos na aplicação de exercícios fisioterapêuticos na capacidade funcional, resistência e força muscular e eficiência da hemodiálise além da redução da pressão arterial de repouso.

Embora seja evidente a evolução dos protocolos de atendimento fisioterapêutico nas disfunções hemodinâmicas, como a anemia, é necessário estudos e discussões mais específicas, enfatizando benefícios respiratórios e físicos, precauções na intervenção em pacientes com anemia grave e/ou com uso de assistência ventilatória. 

Referências Bibliográficas

COURNEYA, Kerry S. et. al. Effects of aerobic exercise training in anemic cancer patients receiving darberpoetin alfa: A randomized controled trial. The oncologist; 13:1012-1020, 2008.
DE CARVALHO, Miriam Corrêa; BARACAT, Emílio Carlos Elias; SGARBIERI, Valdemiro Carlos. Anemia ferropriva e anemia de doença crônica: distúrbios do metabolismo de ferro. Segurança alimentar e nutricional, v. 13, n. 2, p. 54-63, 2006.
DE SOUSA, Roberta Maria Góes; GUEDES, Lorena Barreto Arruda. Benefícios funcionais da fisioterapia para pacientes em hemodiálise. Revista pesquisa em fisioterapia, v. 4, n. 2, 2014.
LOBO, Suzana Margareth et. al. Anemia e transfusões de concentrados de hemácias em pacientes graves nas UTIs brasileiras. Revista brasileira de terapia Intensiva, vol. 18, num.03, 2006.
NOGUEIRA-COSTA, Renato; DE CARVALHO SOUSA, Carla. Anemia no paciente oncológico. RBM–Revista Brasileira de Medicina, v. 56, n. 9, 1999.
Organização Mundial da Saúde. O uso clínico do sangue. 1998.

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