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sábado, 28 de abril de 2018

Resenha de Fisiologia/ Anatomia do sistema cardiovascular

Acadêmico: Ilkenison Pinheiro Queiroz
Coordeenador: Daniel Xavier
Pós-graduação em fisioterapia intensiva, adulto, pediátrico e neonatal


Introdução:

O sistema cardiovascular é amplo e compreende tanto o coração quanto as veias e artérias do corpo humano, nesta resenha será descrito apenas a anatomia e fisiologia do coração e principais vasos associados a ele. Na análise anatômica descreveremos resumidamente as principais características morfológicas do coração. Na descrição fisiológica, serão abordadas definições importantes bem como o ciclo cardíaco associado as ondas do eletrocardiograma.

Anatomia: 

O coração é um órgão muscular oco, que funciona como uma bomba contrátil-propulsora, possui as faces diafragmática, esternocostal, e pulmonares direita e esquerda, fica localizado no mediastino torácico com seu ápice voltado para baixo e para a esquerda e sua base fixa posteriormente a parede pericárdica, opostamente aos corpos vertebrais de TV a TVIII. O coração é dividido em quatro câmaras, sendo duas superiores denominadas átrios e duas inferiores denominas ventrículos, essas câmaras são delimitadas por estruturas chamadas septos que serão descritos com mais detalhes adiante, ao lado de cada átrio existe uma aurícula estrutura que assemelhasse a uma orelha de animal.

O coração é envolto completamente por uma camada denominada pericárdio, que separa o coração das demais estruturas do mediastino, limitando a sua expansão durante a diástole ventricular. O pericárdio é dividido em camada fibrosa (camada externa) e camada serosa (camada interna), sendo esta última dividida em lamina parietal que adere ao pericárdio fibroso e lamina visceral que adere ao miocárdio, nome dado ao músculo cardíaco como um todo.
Na base do coração temos a ligação de algumas veias principais do corpo, no lado direito temos as veias cavas superior e inferior e do lado esquerdo temos as veias pulmonares superiores e inferiores, veja figura 01. Dos ventrículos partem duas artérias principais, a artéria aorta que emerge do ventrículo esquerdo e leva o sangue oxigenado do coração para todo o corpo, e a artéria pulmonar que leva o sangue desoxigenado do ventrículo direito até os pulmões local onde ocorrerá a troca gasosa nos alvéolos, como mostra a figura 02.
Além das veias e artérias descritas acima, o coração possui um sistema de irrigação próprio, formado pelas artérias coronárias e veias cardíacas. A artéria coronária direita origina o ramo marginal direito e o ramo interventricular posterior e a artéria coronária esquerda gera os ramos marginal esquerdo, circunflexo e interventricular anterior conforme mostra figura 03. 
As veias cárdica magna, parva, interventricular posterior e cardíaca posterior são as principais do coração das quais são geradas ramificações. A veia cardíaca magna tem seu início no ápice do coração, percorre os sulcos interventricular anterior e coronário esquerdo, seguindo para face diafragmática do coração onde progressivamente aumenta o seu diâmetro formando o seio coronário que levará o sangue desoxigenado do coração para dentro do átrio ditério, conforme mostra a figura 04. A veia cardíaca parva inicia entre o átrio e o ventrículo direito na parte antero-inferior do sulco coronário segue neste sulco até a superfície diafragmática do coração, onde entra no seio coronário. A veia interventricular posterior inicia no ápice do coração e segue o sulco coronário posterior até chegar ao seio coronário e por último a veia cardíaca posterior que fica situada na superfície posterior do ventrículo esquerdo por onde segue até se unir a cardíaca magna, como demonstra a figura 05.
Ao realizarmos uma secção no coração teremos a possibilidade de observar as estruturas internas do mesmo, conforme figura 06. Nos átrios é possível observar uma camada muscular fina chamada de pectíneo bem como a presença das veias cavas e pulmonares, dividindo tais câmaras cardíacas temos uma parede muscular chamada de septo interatrial. As válvulas tricúspide e mitral dividem os átrios direito e esquerdo dos ventrículos direito e esquerdo respectivamente.
Dentro dos ventrículos podemos visualizar uma camada muscular de perfil trabecular a qual recebe o nome de trabéculas cárneas, ligadas a elas temos projeções musculares chamadas de músculos papilares os quais se ligam as cordas tendíneas das válvulas átrio-ventriculares. No teto do ventrículo direito é possível se observar a válvula semilunar pulmonar bem como no teto do ventrículo esquerdo é possível se observar a válvula semilunar da aorta. Entre os dois ventrículos existe um septo que os divide chamado de interventricular e para separar os átrios dos ventrículos existe um septo chamado de atrioventricular.

Fisiologia:

Conceitos importantes:
Débito cardíaco: é o produto entre a frequência cardíaca (FC) e o volume ejeção ou volume sistólico (VE), [ DC = FC x VE]. Em um homem de 70 kg é previsto uma FC de 72 bpm e um VE de 70 ml, fornecendo um débito cardíaco de aproximadamente 5 l/min.
Frequência cardíaca: é a quantidade de batimentos expressa dentro de um minuto, podendo ser modificado pelo sistema nervoso autônomo. Quando o nervo vago atua sobre os receptores muscarínicos a mesma é reduzida, quando as fibras simpáticas estimulam os receptores beta-adrenérgicos a mesma é elevada.
Volume de ejeção: é o volume total de sangue ejetado pelo ventrículo durante uma sístole, sendo o mesmo determinado por três fatores principais, que são a pré-carga, a pós-carga e a contratilidade.
Pré-carga: é o volume ventricular no final da diástole, quando a pré-carga é aumentada, ocorre um aumento do volume de ejeção, ao passo que a mesma depende diretamente do retorno venoso corporal, nesta a lei de Frank-Starling se aplica perfeitamente, a qual diz que, quanto maior a quantidade de sangue que retorna ao coração, maior será a força de contração ventricular. Vale ressaltar que o aumento do volume de ejeção causa diretamente um aumento do débito cardíaco.
Pós-carga: é a resistência a ejeção ventricular, ocasionada pela resistência ao fluxo sanguíneo na saída do ventrículo, determinada principalmente pela resistência vascular sistêmica resultante do diâmetro das arteríolas, estado de contração dos esfíncteres pré-capilares e viscosidade sanguínea.  A pós-carga é inversamente proporcional ao débito cardíaco, logo, quanto maior for a pós-carga, menor será o DC.
Contratilidade:  é a capacidade de contração do miocárdio na ausência de alterações nas pressões de pré e pós-carga, ou seja, é a potência do musculo cardíaco. A contratilidade é diretamente controlada pelo sistema nervoso simpático, que estimula os receptores beta-adrenérgicos por meio da noradrenalina, resultando em um aumento da contratilidade.
Fluxo sanguíneo: é a quantidade de sangue que passa por um determinado ponto da circulação, é medido em unidade de fluxo tais como ml/min ou l/min. O fluxo sanguíneo total em um indivíduo adulto é de 5.000 ml/min.
Resistência ao fluxo sanguíneo: é a resistência ao fluxo sanguíneo em um vaso, é medida em CGS (centímetros, gramas, segundos).
Condutância:  é a medida do fluxo sanguíneo, por um vaso, sob dada diferença de pressão, vale ressaltar que a condutância é inversamente proporcional a resistência. Para melhor compreensão deste conceito precisando relembrar da lei de poiseuille, na qual se diz que o sangue que flui próximo à parede vascular corre em velocidade extremamente baixa, devido o atrito com o endotélio capilar, ao passo que, o sangue localizado no centro do vaso flui com maior velocidade devido à ausência desta resistência.

O ciclo cardíaco:

O conjunto dos eventos cardíacos que ocorrem entre o início de um batimento e outro é denominado ciclo cardíaco. Este ciclo se inicia quando um potencial de ação atinge nodo sinusal (localizado próximo a abertura da veia cava superior) e se propaga pelos feixes A-V (atrioventriculares) para os ventrículos, que devido à disposição do sistema de condução, ocorre um retardo de aproximadamente 0,1 segundos na passagem dos impulsos dos átrios para os ventrículos, permitindo que ocorra primeiro a sístole (contração) atrial e depois a sístole ventricular.
O ciclo cardíaco se inicia durante uma diástole, período no qual o coração se enche de sangue seguido de uma sístole período no qual ocorre a ejeção do sangue. Vamos acompanhar os eventos que ocorrem no lado esquerdo do coração durante este ciclo e relacioná-lo com o eletrocardiograma como mostra a figura 06. Inicialmente o átrio está em diástole e a valva A-V se encontra aberta, permitindo que 80% do sangue flua livremente para dentro do ventrículo sem que ocorra nenhum evento contrátil no miocárdio, quando o eletrocardiograma apresenta a onda P estaremos diante do início da despolarização atrial resultando na sístole do mesmo o que conduzirá cerca de 20% do valor total enviado para o ventrículo, haja vista que o coração manda cerca de 300% a 400% a mais de sangue para o corpo nas condições de repouso, dificilmente a falência da musculatura atrial seria sentida pelo individuo em condições normais do cotidiano, sendo perceptível apenas durante a realização de atividades física sendo evidenciado principalmente com o surgimento da falta de ar. Passando aproximadamente 0,16 segundos após o início da onda P surgem as ondas QRS resultando da despolarização elétrica ventricular, seguida da sístole ventricular, fechamento da válvula A-V e abertura da válvula aórtica após atingir níveis pressóricos acima de 80 mmHg. 
Por último o eletrocardiograma apresenta a onda T proveniente da repolarização ventricular, evento no qual as fibras musculares entram em relaxamento, tendo em vista que durante todo o evento sistólico do ventrículo a musculatura apresenta estado contrátil isovolumétrico com pouco ou nenhum status de relaxamento. Portando a onda T surge um pouco antes da diástole ventricular.  É importante frisar que nem todo o sangue ejetado para a aorta será conduzido a o corpo, uma pequena fração do mesmo sofre refluxo no arco da mesma, gerando o fechamento da válvula semilunar da aorta e percorrendo as artérias coronárias, vascularizando assim o musculo miocárdio, portanto frequências cardíacas elevadas prejudicam a vascularização miocárdica.

Referências:

GUYTON, A; HALL, J Tratado de fisiologia médica – 11ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
DÂNGELO, JG; FATTINI, CA. Anatomia Humana Básica. 2ed. São Paulo: Atheneu, 2002.
DRAKE, R; VOGL, W; MITCHELL, A. Gray's Anatomia para Estudantes. Tradução da2a edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
NETTER, FH. Atlas de Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011

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