Pós Graduanda em Fisioterapia Intensiva: Cláudia Roberta
Em
muitos hospitais, a fisioterapia é vista como parte integrante do tratamento de
pacientes nas unidades de terapia intensiva (UTI). Imobilidade, descondicionamento físico e
fraqueza são problemas comuns em pacientes com insuficiência respiratória
ventilados mecanicamente e podem contribuir para o prolongamento da
hospitalização.
Pacientes em ventilação mecânica (VM) prolongada frequentemente
apresentam fraqueza da musculatura periférica e respiratória que prejudicam
seu estado funcional, nutricional e sua
qualidade de vida.
O objetivo da fisioterapia em pacientes na VM prolongada é
minimizar a perda de mobilidade, melhorar a independência funcional e facilitar
o desmame.
A
fisioterapia motora tem por objetivo específico evitar a síndrome do imobilismo
através de um programa de exercícios gradual que pode ser iniciado tão logo o
paciente o paciente se torne hemodinamicamente estável, com o objetivo de melhorar
a função cardiovascular, respiratória, musculoesquelética, além do bem estar
psicológico do paciente e de seus familiares, entre outras complicações.
Geralmente o sistema musculoesquelético é o mais acometido pelo
imobilismo, as limitações funcionais podem prejudicar as transferências,
posturas e movimento no leito e em cadeiras de rodas, dificultar as AVD`s,
alterar o padrão da marcha e aumentar o risco de formação de úlceras de
pressão.
Como
resultado de todas as alterações do sistema ósseo, articular e muscular, podem
surgir complicações graves a estes sistemas. É fundamental que o fisioterapeuta
além da preocupação quanto à melhora da capacidade respiratória, tenha muita
atenção à capacidade motora, tentar atuar juntamente pode trazer grandes
benefícios ao paciente acamado como: evitar atrofia muscular e manter e/ou
restaurar amplitude articular; prevenir trombose venosa profunda, embolia
pulmonar, pneumonias e hipotensão postural;
aliviar a dor; diminuir ou
prevenir edemas; melhora do condicionamento cardiovascular; reduzir o tempo de
internação; restaurar a funcionalidade para atividades de vida diária (AVDs); preparar
para deambulação, quando o paciente tiver tais condições.
O Tratamento
pode ser feito com exercícios passivos, ativo-assistido, ativo-livre,
ativo-resistido, isométricos. Promover a reeducação postural, a conscientização
corporal, o relaxamento muscular, estimular movimentação no leito e
independência nas atividades.
Segundo Fraça et al., 2009, as complicações
inerentes à VM prolongada são de origem multifatorial. A imobilidade no leito, desordens
clínicas como a sepse e a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS),
déficit nutricional e exposição a agentes farmacológicos como bloqueadores
neuromusculares e corticosteróides, traduzem todos os fatores que podem afetar
adversamente o status funcional e resultar em maior período de
intubação orotraqueal e internação hospitalar.
A
mobilização precoce tem mostrado redução no tempo para desmame da ventilação e
é a base para a recuperação funcional. Nela devem estar incluídas, atividades
terapêuticas progressivas, tais como exercícios motores na cama, sedestação a
beira do leito, ortostatismo, transferência para a cadeira e deambulação.
O
posicionamento adequado no leito dos pacientes na UTI pode ser usado com o
objetivo fisiológico de otimizar o transporte de oxigênio através do aumento da
relação ventilação-perfusão (V/Q), aumento dos volumes pulmonares, redução do
trabalho respiratório, minimização do trabalho cardíaco e aumento do clearance
mucociliar. Além de também otimizar o transporte de oxigênio, a mobilização
reduz os efeitos do imobilismo e do repouso. Os exercícios passivos,
ativo-assistidos e resistidos visam manter a movimentação da articulação, o
comprimento do tecido muscular, da força e da função muscular e diminuir o
risco de tromboembolismo. Portanto, a mobilização precoce é um procedimento
viável e seguro, que promove aumento da força muscular, permite em poucos dias
a transferência do paciente da cama para a cadeira e a deambulação, e um menor
tempo de internação na UTI e hospitalar.
Os
riscos da imobilização em doentes críticos ventilados mecanicamente não são bem
esclarecidos. Entretanto, é evidente que os sobreviventes apresentem fraqueza
e fadiga persistente, prejudicando sua qualidade de vida. A mobilização precoce
é uma área nova e com poucas evidências até o momento. No entanto, recentes
estudos têm confirmado que a mobilização em pacientes ventilados mecanicamente
é um procedimento seguro e viável, diminuindo o tempo de internação na UTI e
hospitalar. Porém mais estudos se fazem necessário para se identificar o tipo
de exercício, duração, intensidade e a repercussão da fisioterapia motora
precoce em grupos específicos de pacientes.
Especializanda: Cláudia Roberta
Tavares da Silva.
Referência:
França EET, Ferrari FR, Fernandes
Patrícia V, Cavalcanti R, Duarte A, Aquim EE, Damasceno MCP. Força tarefa sobre
a fisioterapia em pacientes críticos adultos: Diretrizes da Associação
Brasileira de Fisioterapia Respiratória e Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR) e
Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). [Internet]. [citado 2009
Nov 11]. Disponível em: http://www.amib.org.br/pdf/DEFIT.pdf
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