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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Atuação da Fisioterapia no paciente com Esclerose Lateral Amiotrófica

Pós Graduanda em Fisioterapia Intensiva: Monik Pinagé




A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neuromuscu­lar de caráter degenerativo e de causa desconhecida, que compro­mete tanto o Sistema Nervoso Central quanto o Periférico. Esta afecção é caracterizada pela morte seletiva de um grupo de neurô­nios motores da medula, do tronco cerebral e das vias cortico-es­pinhais e cortico-bulbares. A insuficiência respiratória progressiva é a principal causa de morte nos pacientes acometidos (BANDEIRA; QUADROS; ALMEIDA; CALDEIRA, 2010).
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é considerada a doença de características mais devastadoras entre todas. Seu diagnóstico é carregado de fatalismo e seu estudo tem sido objeto de trabalho de um grande número de pesquisadores em todo mundo (XEREZ, 2008).
O fisioterapeuta deve atender às necessidades individuais de cada paciente, considerando-se o grau de força muscular dos membros superiores e inferiores, o tônus muscular, o padrão da marcha e o gasto de energia necessário para a realização de determinadas atividades. Demonstraram que o uso de órteses em pacientes com comprometimento da função respiratória requer maior dispêndio de energia do que a sua não utilização (FACCHINETTI; ORSINI; LIMA, 2009).
Apesar dos benefícios relacionados à prática de exercícios mencionados nos estudos anteriores, ambos excluem os pacientes em estágios mais avançados da doença e que possivelmente apresentariam algum tipo de limitação para a realização dos exercícios (FACCHINETTI; ORSINI; LIMA, 2009).
Com a falta de movimentos nos membros inferiores, o risco de Trombose venosa profunda aumenta. São recomendadas medidas gerais, como elevação dos MMII, fisioterapia e uso de meio elástica (XEREZ, 2008).
Apesar do prognóstico reservado dos pacientes com ELA, um programa de exercícios de fortalecimento pode ser um componente essencial do tratamento; Variáveis como estágio da doença, intensidade e carga dos exercícios devem ser consideradas antes da elaboração de um plano de tratamento e frequentemente revisadas; A prática regular de exercícios de carga e intensidade moderadas pode resultar em melhora do déficit motor, da capacidade funcional e da qualidade de vida. É possível que o uso da ventilação não invasiva durante a realização dos exercícios permita uma maior tolerância à prática de atividades físicas e, por isso, reduza as complicações associadas à imobilidade, atenuando-se desta forma a taxa de progressão da doença (FACCHINETTI; ORSINI; LIMA, 2009).
A fisiopatologia da insuficiência respiratória nas doenças neuromusculares é complexa e pode envolver inúmeros fatores associados ou não. Alterações no controle da ventilação, aparecimento de sinais de fadiga muscular respiratória, alterações nas propriedades mecânicas do sistema respiratório, mudanças na troca gasosa, especialmente no período noturno, e a disfunção do trato respiratório superior são algumas possibilidades. Para quantificar estas modificações respiratórias os estudos acerca do uso da VNI na ELA verificam: as trocas gasosas e o equilíbrio ácido básico, por meio da gasometria arterial, a Saturação Periférica de Oxigênio (SpO2), através da oximetria, a força dos músculos ventilatórios, utilizando a manovacuometria, e a mensuração dos volumes, capacidades e índices integrados, por meio da espirometria. Vale ressaltar que a indicação da VNI nos portadores de ELA vem sendo indicada quando há uma redução de 50% do valor predito para Capacidade Vital Forçada (CVF) (PRESTO; ORSINI; PRESTO; CALHEIROS; FREITAS; MELLO; REIS; NASCIMENTO, 2008).
Ensinar ao paciente e seus cuidadores as técnicas de movimentos expiratórios assistidos usando a tosse assistida manualmente, também pode ser feita pelo fisioterapeuta (XEREZ, 2008).
A degeneração dos neurônios motores inferiores e superiores, atingindo a medula espinhal, o tronco encefálico e o córtex motor resultam na definição da ELA como doença do neurônio motor. No momento que os músculos ventilatórios são comprometidos os indivíduos apresentam restrições pulmonares, caracterizadas por redução da Capacidade Vital (CV) e do Volume Corrente (VC) com, consequente, insuficiência respiratória crônica (PRESTO; ORSINI; PRESTO; CALHEIROS; FREITAS; MELLO; REIS; NASCIMENTO, 2008).
É sabido que não há uma terapia curativa para ELA. Porém, os efeitos das intervenções refletem na melhoria da qualidade de vida e o aumento da sobre­vida. Um exemplo é a deterioração da função ventila­tória, um importante fator de impacto na qualidade de vida e sobrevivência destes doentes. A melhora desta qualidade se reflete após o tratamento dos distúrbios do sono com suporte ventilatório não invasivo durante o período noturno na fase inicial da doença (BANDEIRA; QUADROS; ALMEIDA; CALDEIRA, 2010).
A utilização da VNI nos pacientes com ELA tem sido empregada nos últimos anos com o objetivo de corrigir a insuficiência respiratória e, por conseguinte, melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevivência destes indivíduos. Entretanto, algumas dúvidas ainda existem quanto ao prolongamento da vida após o uso de VNI nas fases iniciais do acometimento respiratório (PRESTO; ORSINI; PRESTO; CALHEIROS; FREITAS; MELLO; REIS; NASCIMENTO, 2008).
O uso de ventilação mecânica não invasiva durante o exercício aeróbico permitiu uma maior tolerância à realização da atividade física. Tal recurso permitiu que os pacientes que realizaram o exercício aeróbico, mesmo em um estágio mais avançado da doença, desfrutassem dos benefícios resultantes da prática de exercícios demonstrados neste estudo através de um retardo na progressão da doença e de um melhor desempenho nos testes da função respiratória (FACCHINETTI; ORSINI; LIMA, 2009).
A fisioterapia respiratória parece melhorar a qualidade de vida e reduzir as complicações respiratórias causadas pela retenção de secreção e perda da capacidade de tosse (PRESTO; ORSINI; PRESTO; CALHEIROS; FREITAS; MELLO; REIS; NASCIMENTO, 2008).


Referências

BANDEIRA, Fabricio Marinho; QUADROS, Nadja Nara C.; ALMEIDA, Karlo Josefo; CALDEIRA, Rafaela. Avaliação da qualidade de vida de pacientes portadores de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) em Brasília. Artigo Cientifico (Rev Neurocienc 2010;18(2):133-138). Brasília, 2010. Disponível em: http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2010/RN1802/412%20original.pdf. Acesso em: 24/05/2013.
FACCHINETTI, Livia D.; ORSINI, Marco; LIMA, Marco Antonio. Os riscos do exercício excessivo na Esclerose Lateral Amiotrófica: atualização da literatura. Artigo Cientifico (Rev Bras Neurol, 45 (3): 33-38, 2009). Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0101-8469/2009/v45n3/a33-38.pdf. Acesso em: 24/05/2013.
PRESTO, Bruno; ORSINI, Marco; PRESTO, Luciana; CALHEIROS, Mirian; FREITAS, Marcos; MELLO, Mariana; REIS, Carlos; NASCIMENTO, Osvaldo.  Ventilação Não-Invasiva e Fisioterapia Respiratória para pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica. Artigo Cientifico (Rev Neurocienc 2008:in press). Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: http://www.todosporela.org.br/site/downloads/5996deb2f4c5f5e755567a425e335bfb.pdf. Acesso em: 24/05/2013.

XEREZ, Denise R. Reabilitação na Esclerose Lateral Amiotrofica: revisão da literatura. Artigo Cientifico (ACTA FISIATR 2008; 15(3): 182 – 188). Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: http://todosporela.org.br/site/downloads/ee63006941780db5ab3d929d906408bd.pdf. Acesso em 25/05/2013.

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