Pós Graduanda em Fisioterapia Intensiva: Josiane Coelho Silva do Nascimento
Segundo Santos
et al (2009), os pacientes submetidos à ventilação mecânica invasiva (VMI) que
lhes fornece um sistema de ventilação e oxigenação com a finalidade de manter
uma adequada ventilação alveolar, restaurar o equilíbrio ácido-básico e reduzir
o trabalho respiratório, acabam apresentando diversos componentes que
dificultam a depuração das secreções pulmonares como inadequada umidificação,
altas frações de oxigênio, uso de sedativos e ou anestésicos, doenças
pulmonares basais e a presença de uma via aérea artificial que dificulta,
mecanicamente, a eliminação das secreções na altura da traquéia. A retenção de
secreção contribui para episódios de hipoxemia, atelectasia e pneumonia
associada ao ventilador. No tratamento de pacientes que recebem VMI, a
fisioterapia respiratória tem como objetivo melhorar sua função pulmonar,
através da desobstrução brônquica, da expansão das áreas pulmonares colapsadas,
e conseqüentemente equilíbrio da relação ventilação/perfusão. Alguns estudos
demonstraram a eficácia da fisioterapia na resolução de atelectasias e promoção
de higiene brônquica.
As manobras de
higiene brônquica objetivam a mobilização e eliminação de secreções pulmonares.
Essas manobras incluem drenagem postural, tapotagem, pressão torácica,
vibrações torácicas, Huffing e a compressão torácica associada a ZEEP ( zero
and expiratory pressure), a qual consiste na elevação da PEEP até um mínimo de
10cmH2O. Um instante antes de realizar as manobras de vibrocompressão torácica,
zera-se a PEEP elevando-a, em seguida, para seu valor normal. Esta técnica
auxilia na mobilização de secreções brônquicas de pacientes submetidos a VM,
mas está contra-indicada na presença de instabilidade hemodinâmica, de
hipertensão intracraniana e fístula broncopleural (COSTA, 2004).
Nesta técnica,
ocorre insuflação dos pulmões por meio do aumento da PEEP, seguido de rápida
descompressão pulmonar pela redução abrupta da PEEP até zero cmH20, acompanhada
pela vibrocompressão torácica manual. Teoricamente, ao aumentar a PEEP por um
intervalo mínimo de 30 segundos o gás é redistribuído através da ventilação
colateral, alcançando alvéolos adjacentes previamente colapsados por muco. Essa
redistribuição propicia a reabertura de pequenas vias aéreas descolando o muco
aderido à sua parede. Posteriormente, ao diminuir a PEEP para 0 cmH2O,
altera-se o padrão de fluxo expiratório interferindo no mecanismo de duas fases
e potencializando o carreamento das secreções descoladas (RODRIGUES, 2007).
Na técnica PZ o
fluxo inspiratório se mantém inalterado e ocorre elevação significante do fluxo
expiratório no momento da redução da PEEP para zero (ZEEP). Este efeito ocorre,
sobretudo, pela súbita despressurização da via aérea associada à compressão
torácica manual, o que gera aumento do volume corrente exalado em um menor
tempo expiratório. É possível pensar que uma das vantagens desta técnica seja a
mimetização da tosse, com a saída rápida de ar dos pulmões sem a desconexão do
ventilador. Esta técnica tem características peculiares em relação às demais,
principalmente pela manutenção da conexão paciente/ventilador, bem como, o
controle preciso das variáveis de fluxos e pressões impostas ao sistema
respiratório durante a execução da técnica (RODRIGUES, 2007).
Referências
Costa, Dirceu. Fisioterapia respiratória básica. São
Paulo: Editora Atheneu, 2004.
Rodrigues, M. V.
H. Estudo do comportamento hemodinâmico, da troca gasosa, da mecânica
respiratória e da análise do muco brônquico na aplicação de técnicas de remoção
de secreção brônquica em pacientes sob ventilação mecânica. São Paulo, 2007. Disponível em www.cardiopneumo.incor.usp.br/...
Santos, F. R. A.; Júnior, l. c. s.; Júnior, L. A. F.; Veronezi, J. Efeitos
da compressão torácica manual versus a manobra de PEEP-ZEEP na complacência do
sistema respiratório e na oxigenação de pacientes submetidos à ventilação
mecânica invasiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2009; 21(2):155-161. Disponível
em www.scielo.br/pdf/rbti/v21n2/07.
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