Especializanda: Wilgria Mércia Palheta
de Sousa
A ventilação não invasiva (VNI) refere-se à aplicação de um suporte
ventilatório sem recurso a métodos invasivos da via aérea (entubação
orotraqueal – EOT – e traqueostomia). Em crescente uso, tem um papel cada vez
mais importante, quer em patologia aguda (unidades de cuidados intensivos),
quer na da doença respiratória crônica.
Os objetivos da VNI são a diminuição do trabalho respiratório, o repouso
dos músculos respiratórios, a melhoria das trocas gasosas e, nos doentes com
doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), a diminuição a auto-Peep (positive expiratory end pressure). Tem
como principais vantagens evitar a EOT, com a consequente diminuição dos riscos
associados, nomeadamente infecções nosocomiais e lesão traqueal, evitando o
trabalho dinâmico imposto pelo tubo endotraqueal; não sendo necessária sedação,
permite ao doente falar, manter tosse eficaz e alimentação oral. É fácil de
instituir e de retirar e pode ser efetuada fora de uma unidade de cuidados
intensivos (UCI). Acarreta, por isso, uma diminuição do tempo de internamento
hospitalar, da mortalidade e uma diminuição dos custos.
A ventilação não-invasiva por pressão positiva vem sendo
utilizada como um dos recursos fisioterapêuticos para o tratamento de pacientes
cardiopatas, sendo discutível o seu benefício no Edema Agudo Pulmonar
Cardiogênico, insuficiência respiratória sobre as condições ventilatórias e
hemodinâmicas (OLIVEIRA, 2006, apud SILVA, 2007).
Conforme explica Barreto (2003), o tratamento ocorre da seguinte
maneira: a) pelo Suporte ventilatório, com oxigenioterapia, que é quando o
paciente recebe oxigênio suplementar por máscara facial aberta com fluxo
inicial de 5 a 10 L/min. Ou Ventilação Não-Invasiva que proporciona a redução
da pré e pós-carga promovendo a melhora da contratilidade do ventrículo
esquerdo. Aumenta a complacência pulmonar recrutando alvéolos pulmonares
previamente colabados e se realiza de duas formas: Pressão positiva Contínua
(CPAP) e Ventilação em benível pressórico (BPAP). Para o autor essas duas
formas de ventilação não-invasiva aceleram a melhora clínica e gasométrica e diminuem
a necessidade de intubação orotraqueal. Também pode ser realizado o tratamento
com ventilação invasiva, que é indicada
quando ocorre rebaixamento do nível de consciência, no aparecimento de sinais
clínicos de fadiga de musculatura acessória, nos casos de hipoxemia refratária
e na presença de acidose respiratória. Essa conduta é dada a pacientes com IAM
com indicação de angioplastia primária, naqueles com taquiarritmias com
necessidade de cardioversão elétrica e em pacientes com choque cardiogênico. Há
também um tratamento medicamentoso, onde as drogas de primeira linha são os
nitratos, os diuréticos de alça e a morfina. (OLIVEIRA,2006, apud Silva 2007).
Segundo o Consenso de
Ventilação Não Invasiva com Pressão Positiva (BACH e cols., 1997 in Peter 2006),
os critérios de seleção para se indicar VNI aos pacientes devem incluir pelo
menos dois dos descritos abaixo: - desconforto respiratório com dispnéia
moderada ou severa, uso de musculatura acessória, respiração paradoxal: - pH
< 7,35 e P3CO2> 45mmHg; - FR > 25 irpm (adulto).
INDICAÇÕES:
Doença pulmonar obstrutiva
crônica; Doenças pulmonares restritivas; Doenças neuromusculares; Síndrome da
apnéia obstrutiva do sono; Insuficiência cardíaca congestiva; Desmame da
ventilação mecânica invasiva; Edema agudo pulmonar cardiogênico.
Pós operatório de cirurgias
tóraco-abdominais; Pneumonias; Hipoventilação pulmonar e Ventilação domiciliar.
CONTRA INDICAÇÕES:
- Absolutas:
Parada cardiorrespiratória ou
necessidade de intubação traqueal, paciente colaborativo, pós operatório
recente de cirurgia facial, esofágica ou gástrica, hipoxemia ou hipercapnia
refratária com pH < 7,25, instabilidade neurológica com perda do reflexo
protetor e redução do nível de consciência, alterações anatómicas pneumotórax
não drenado. (AZEREDO,2002).
- Relativas:
Ansiedade extrema, obesidade
mórbida, secreção pulmonar abundante, presença de ílio, síndrome do desconforto
respiratório agudo com hipoxemia grave, instabilidade cardiovascular,
instabilidade hemodinâmica. (AZEREDO,2002).
O uso da ventilação
mecânica não invasiva é contra-indicado para pacientes com parada
cardiorrespiratória, respiração agônica, choque e/ou instabilidade hemodinâmica
severa, isquemia miocárdica e arritmia ventricular clínicamente significativa.
Esta abordagem
também é contra-indicada nos casos de
pacientes com alterações no nível de consciência ou incapacidade de colaborar,
entre eles: encefalopatia grave, rebaixamento do nível de consciência (Glasgow
< 8) ou agitação extrema (GAMBARATO 2006).
Como a VNI é uma modalidade
de suporte ventilatório parcial e sujeita a interrupções, essa técnica não deve
ser utilizada em pacientes totalmente dependentes da ventilação mecânica para
se manterem vivos. Da mesma forma, pela inexistência de uma prótese traqueal a
ventilação não invasiva só deve ser utilizada naqueles pacientes capazes de
manter a permeabilidade da via aérea superior, assim como a integridade dos
mecanismos de deglutição e a capacidade de mobilizar secreções. Instabilidade
hemodinâmica grave, caracterizada pelo uso de aminas vasopressoras, e arritmias
complexas são consideradas contra-indicações para o uso da ventilação não
invasiva pela maioria dos autores. Pacientes com distensão abdominal ou vômitos
não devem utilizar ventilação não - invasiva pelo risco de aspiração.
Pós-operatório imediato de cirurgia do esôfago é contra-indicação para
ventilação não invasiva, entretanto dúvidas persistem acerca da segurança do
seu uso no pós-operatório de cirurgias gástricas. Trauma de face, lesão aguda
e/ou sangramento de via aérea são também consideradas limitações para o uso da
ventilação não invasiva. (SCHETTINO, 2007).
Entretanto, a ventilação
não-invasiva por pressão positiva vem sendo utilizada por Fisioterapeutas para
o tratamento do EAPC. A VNI apresenta indicações e contra-indicações, facilita
o desmame de ventilação invasiva. No EAPC ela é muito indicada, além de outras
patologias. As contra-indicações absolutas são para aqueles pacientes
acometidos de parada cardiorespiratória ou com necessidade de entubação traqueal,
paciente colaborativo, pós-operatório recente de cirurgia facial, esofógica ou
gástrica, hipoxemia ou hipercapnia refratória, pacientes sem consciência. Já as
relativas são referentes a extrema ansiedade, obesidade, mórrbida, secreção
pulmonar abundante presença de ílio, síndrome do desconforto respiratório agudo
com hipoxemia grave, instabilidade cardiovascular e instabilidade hemodinâmica.
Sua principal vantagem é a de se evitar a intubação endotraqueal e suas
complicações. Mas também facilita a aplicação e remoção, redução da necessidade
de sedação, preservação da comunicação, expectoração e alimentação preservação
das funções e defesas das vias aéreas superiores. Os
efeitos fisiológicos da CPAP incluem: aumento do debito cardíaco, fornecimento
de oxigênio, diminuição da pós-carga do ventrículo esquerdo, melhora da
capacidade residual funcional e da mecânica ventilatória e conseqüente redução
do esforço ventilatório. Atualmente, tem-se referido que o uso da BIPAP reduz
de forma mais significante o trabalho ventilatório e a fadiga do que a CPAP.
Referências Bibliográficas:
AZEREDO, L. C A C. Técnicas para o Desmame
no Ventilador Mecânico. São Paulo: Manole, 2002.
BARRETO, S.S. Rotinas em Terapia Intensiva,
3ª edição, 2003: 76-81
GAMBARATO, Gilberto. Fisioterapia
respiratória em unidade de terapia intensiva. São Paulo:
Atheneu, 2006.
OLIVEIRA, J. L. C. O uso da Pressão
Positiva Contínua nas Vias Aéreas em pacientes com Edema Agudo de Pulmão
associado à Insuficiência Ventricular Esquerda. FisioBrasil. v. 10, n. 75,
p.08-13, jan/fev. 2006.
SILVA, Rodolfo Luiz da. Abordagem
Ventilatória Não-Invasiva No Tratamento Do Edema Agudo Pulmonar Cardiogênico –
CPAP X BIPAP.UNIVAP: São José dos Campos, 2007.
SCHETTINO, Guilherme P. P. et al. Ventilação
Mecânica Não Invasiva com Pressão Positiva. Revista
Brasileira de Terapia Intensiva. Vol. 19. n° 2. Abril / Junho de 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário