Pós Graduando Maks Ohse
O aumento de pressões dentro de compartimentos é
uma causa importante de disfunção orgânica e é associado com maior mortalidade
em pacientes graves. (1-4)
Várias situações na doença critica podem se
associar com aumento de pressões em compartimentos, incluindo a ventilação com
pressão positiva, a infusão de grandes alíquotas de fluidos e variações no
conteúdo vascular de sangue.(1)
A ventilação mecânica, por exemplo, é uma terapia
salvadora e capaz de melhorar a oxigenação em vários cenários clínicos.
Entretanto, a ventilação mecânica, especialmente com o uso de pressões altas de
vias aéreas, pode estar associada com complicações respiratórias (5,6) e
sistêmicas, incluindo distúrbios hemodinâmicos severos,(7) aumento da PIA(8).
Uma ocorrência freqüente no pós-operatório de
cirurgias abdominais é o aumento da pressão intra-abdominal (PIA) (9,10).
A obesidade visceral (devida à policitemia,
aumento da pressão abdominal levando a estase venosa nos membros inferiores e
diminuição da atividade fibrinolítica) leva a um estado de hipercoagulabilidade
(11-13) e a um risco aumentado de trombose venosa profunda e embolia pulmonar,
sendo preconizado por alguns autores a anticoagulação profilática desses pacientes
no pós-operatório (14).
Elevação da PIA afeta diretamente a função
pulmonar. A complacência pulmonar sofre como resultado progressivo da redução
da capacidade pulmonar total (CPT), CRF, volume residual (VR). E são
manifestados clinicamente por elevação hemidiafragmática na radiografia de
tórax. Essas mudanças são bemperceptíveis a partir da PIA de 15mmHg. Falência
respiratória secundária a hipoventilação resulta da elevação progressiva da
PIA. A resistência vascular pulmonar aumenta como resultado da redução da
oxigenação alveolar e aumento da pressão torácica. Ultimamente, a disfunção
orgânica pulmonar é manifestada por hipóxia, hipercapnia e aumento da pressão
ventilatória. Descompressão da cavidade abdominal resulta em reversão precoce
da falência respiratória. (15-19)
A pressão intra-abdominal influência o sistema
respiratório, repercutindo no diafragma, o qual por sua vez empurra ambas
hemicúpulas para cima, causando assim um típico padrão de doença pulmonar restritiva,
com queda na capacidade residual funcional e nos volumes pulmonares, o que
predispõe a atelectasia, ao aumento da resistência vascular pulmonar,
anormalidade na relação ventilação-perfusão, prejuízo na troca gasosa,
diminuição da complacência pulmonar com dificuldade na ventilação. (20)
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